sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Passei o dia no sítio do Chitãozinho

O sábado era de folga, mas nem liguei. Aceitei o convite da assessoria para passar o dia no sítio do cantor Chitãozinho, da dupla com Xororó. Eles iam lançar um novo cd e convidaram vários jornalistas para a festa.
E lá fui eu... o ônibus da produção levou os jornalistas até o interior de São Paulo. Chegando lá fizemos a coletiva e depois ficamos livres para curtir o local. Podia deitar na rede, passear na grama, jogar bola, comer churrasco até cansar. Me lembro de ter sido muito bem tratada.
Vira e mexe baixava um helicóptero por lá. Era algum famoso chegando. O cantor Daniel desceu, perguntou se a gente tinha comido terra, já que o cop faz muito vento. To lá comendo meu churrasco sossegada e ele chega , brincando. Não tava acreditando...  Depois, lá vem o simpático Leonardo. Brinca, dá entrevista, bate papo como se me conhecesse há anos! Não tava acreditando 2...
Eu já era fã de Zezé di Camargo, claro, e a cada descida do helicóptero vinha a esperança dele aparecer por lá. Infelizmente, ele não foi.
Passei um dia delicioso, realmente sem acreditar que aquilo era real. Eu, estudante na época, curtindo o dia ao lado de ídolos. Uau! E ainda ganhei um chapéu de cowboy da grife da dupla. Nunca usei, mas tenho até hoje.
Depois de algum tempo já estava "acostumada" com esse vai e vem de famosos...rsrs.. Teve uma hora que todos foram jogar futebol. Me lembro disso até hoje. Fiquei sentada num banquinho, assistindo `a partida, tomando sorvete.  E pensando... "não to acreditando que to aqui; olha só quem tá na quadra"
Ao meu lado estava sentada uma senhora, muito simpática. Ficamos conversando. Eu não sabia quem era. Descobri quanto o Chitãozinho teve de sair da partida. Ele veio até ela e disse. "Oi, mãe."
É, não era um dia comum...

domingo, 2 de dezembro de 2012

Você dirigiu mesmo o Aston Martin?

Essa foi a pergunta que eu mais ouvi desde que as reportagens sobre os 50 anos de James Bond foram ao ar. Claro, todas vieram de homens...
Na redação, foram várias abordagens. Equanto escrevia o terceiro capítulo, um colega da arte veio me falar sobre o carro. O capítulo em que eu dirigia o carro tinha ido ao ar no dia anterior. "Nossa Re, que máximo, você dirigiu o Aston Martin, é um sonho. Queria muito estar no seu lugar", disse com brilho nos olhos. Claro, a empolgação dele com o carro e com os filmes me trouxe inspiração e foi por causa dessa cena que vi que escrevi o último off (parágrafo) do terceiro capítulo. Eu digo... "Chris Courbould tem o trabalho dos sonhos. E aí, você gostaria de ter um emprego assim?"
Uma amiga também me ligou quando viu a matéria. "Re, meu marido tá perguntando se você dirigiu mesmo o carro, ele morre de vontade de dirigir o Aston Martin"....Agora imagina a cara de surpresa deles quando revelava em seguida que tinha dirigido um Aston Martin zero, chegando a 150 km/h pelas ruas da Inglaterra...desculpa aí! (essa parte não foi gravada, exclusiva para os repórteres que estavam lá experimentarem o carro)
Eu conhecia os filmes de James Bond, sabia que ele adorava mulheres e carros, mas confesso... não sabia o que era um Aston Martin. Fui informada pelo editor. "Re, você vai dirigir um Aston Martin. O que é isso? É um dos carros mais famosos de James Bond ...ah.....rsrs."
Antes de viajar, li muito sobre a série e quando cheguei lá sabia exatamente o que tinha nas mãos. Um poderoso carro...é bom...
Meses depois, eu achava que os homens tinham esquecido desse "detalhe". Pois bem, estou de férias e um jovem que acabara de ver as matérias foi apresentado a mim... e me pergunta: você dirigiu mesmo o Aston Martin???? Sim dirigi....rsrs

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Eu ao lado do cantor Leonardo

Hoje estava vendo uma entrevista do cantor Leonardo na tv e lembrei de um episódio. Não sou fã, mas gosto dele. Acho divertido, simpático, faz graça com tudo, bom coração. Há alguns meses, acompanhei a chegada do filho dele, o Pedro, a um hospital de São Paulo. Ele foi transferido de Goiânia para a capital depois de um acidente de carro e o estado de saúde era grave. Leonardo chegou tempo depois. Estava abalado, triste, angustiado. Fiquei triste em vê-lo assim. Acompanhei a doença do irmão dele, Leandro, que morreu de câncer. Na época, fiz várias matérias sobre o tratamento e estive no velório em São Paulo. Vi de perto o quanto ele sofreu com a perda do irmão. Do fundo do meu coração, não queria que ele passasse por aquilo de novo.
E graças a Deus, o jovem Pedro se recuperou. Na alta, estava eu lá. Desta vez, o clima era completamente diferente. Alegria! Leonardo chegou para buscar o filho, desceu do carro rindo, feliz. Eu não aguentei e falei pra ele: Léo, que delícia de sorriso!!! Ele deu a entrevista coletiva, falou sobre aquele momento especial, recuperação do jovem etc. Mas ele estava tão eufórico que, rindo, mexendo os braços, se distanciou dos microfones. Ele se aproximou de mim, que estava um pouco atrás do lado direito e me disse: eu vou dar uma festa!!! Eu sorri e disse: Leo, fala nos microfones!! A alegria dele nesse momento foi tão contagiante que os editores usaram essa imagem em várias matérias. Resultado... um monte de gente me ligou porque me viu - em várias emissoras - ao lado do Leonardo.
Que bom que foi num momento feliz!!!
http://www.redetv.com.br/Video.aspx?52,15,276951,jornalismo,redetv-news,pedro-leonardo-deixa-o-hospital-em-sp

domingo, 11 de novembro de 2012

Em algum lugar do mundo...

Adoro essa frase. Respondo sempre que me perguntam pra onde vou nas férias. "Estarei em algum lugar do mundo..."
Certa vez dois jovens jornalistas conversavam na redação sobre destino para um feriado e disseram: pergunta pra Renata, quer ver que ela já foi. Renata, você conhece Maceió? Conheço... ah, tá vendo...rsr
Eu expliquei aos dois que tudo é questão de começar, iniciativa. Junte dinheiro, planeje, compre passagens e vai embora. Vai gastar sim. Viajar nem sempre é barato. Tem passagem, hospedagem, refeições, museus etc. Mas traz um lucro enorme para a alma. Eu simplesmente adoro. Cada viagem, um novo prazer, uma nova descoberta. Sempre penso quando chego em algum lugar..."puxa, to aqui!!!" Quando conheci Roma, comprei o sorvete Corneto... e saí cantando pelas ruas "dai-me um corneto, muito crocante..." Minha irmã queria se esconder, mas eu não ia perder aquela oportunidade. Fiz igual ao comercial da tv!!!
E acho importantíssimo para o jornalista. Graças a Deus, tenho tido condições de viajar em todas as férias. Para Europa, Estados Unidos e Brasil. Sim, é fundamental conhecer o país. Lá fora eles morrem de curiosidade. E perguntam muito, principalmente sobre a floresta Amazônica. Em 2009, decidi, vou conhecer Manaus! E passei deliciosos dias no meio da floresta, andei nos barcos, visitei uma tribo, descansei na rede, tirei foto com macacos e comi muito peixe do famoso rio Amazonas! A-ha, gringos, agora podem perguntar que eu sei responder!!!
E lá descobri que os estrangeiros realmente curtem aquela natureza, passam dias, viajam, dormem nos barcos felizes!!!! Outro roteiro "estrangeiro" que descobri viajando. Os gringos adoram desembarcar em Fortaleza e irem descendo as capitais: Natal, Recife (param tbm em Olinda), Maceió, e muitas vezes chegam até Salvador só pra aprender capoeira. Viu? Viajar é importante, traz conhecimento, cultura. Ver a casa dos outros, seja fora ou aqui no país, pode fazer a gente mudar a visão do nosso quintal. Saber o que é bom, o que é ruim, ou que simplesmente, é diferente e deve ser respeitado. Já estou de férias e destino escolhido...mais uma vez estarei em algum lugar do mundo....

domingo, 21 de outubro de 2012

Metida em mais uma enrascada!

No final da década de 1990, as peruas estavam tomando conta das ruas de São Paulo. Transportavam passageiros que queriam fugir dos ônibus lotados. No primeiro acidente grave envolvendo esse veículo fiquei com a parte do hospital. Eram muitas vítimas e graves.
Lá fui eu para a porta do hospital...(não vou falar o nome, nem por decreto!!!)  Menina, nem sempre dava na cara que era jornalista, andava de tênis, camiseta e calça jeans. Hoje, por trabalhar em tv, é obrigatório maquiagem. Na época, jornal, não...Era aí que eu me aventurava pelos corredores dos hospitais atrás dos personagens.
Passei apertos... nesse dia me aproximei dos parentes das vítimas que aguardavam no saguão. Ouvi a história de um senhor que chorava feito criança por causa dos ferimentos no rosto da esposa. "Ela é linda", repetia aos prantos.
A esposa de outro homem, mais jovem, também tinha se machucado. Me identifiquei e ele me levou como acompanhante pra conversar com a esposa. Ela estava na cadeira de rodas, com dores fortes aguardando atendimento. Enquanto ela me contava como foi o acidente, ele vira pra mim e diz: "fica aqui com ela, vou ligar pra familia e já volto". Fiquei sem reação e sem poder negar. O já volto demorou mais de meia hora e eu não tive coragem de deixá-la sozinha ali. Nesse tempo, ela nem conseguia falar da batida, ficava nervosa, chorava, sentia dores,  reclamava da demora no atendimento. Tô frita, pensava....Que enrascada...
Passa o enfermeiro, eu chamo e dou bronca. "Moço, ela tá morrendo de dor. Que horas vocês vão atendê-la? Por que estão demorando? Que falta de respeito!". O enfermeiro ficou me olhando e ali saquei que ele desconfiou que eu não era parente da paciente...afinal, eles não estavam acostumados com esse tipo de protesto lá dentro.
Fui salva pelo marido, que chegou em seguida. E a bronca surtiu efeito, a moça finalmente foi atendida. Saí antes que fosse descoberta. Lá fora encontrei alguns colegas, que perguntaram se tinha algo. Ninguém havia conseguido informação sobre os feridos. Eu não costumo negar informação, mas nesse caso, não havia como compartilhar. A aventura era minha. O mérito era meu. No dia seguinte, apenas a minha reportagem tinha detalhes do acidente na visão das vítimas e a história dos pacientes... Valeu o sufoco, valeu a enrascada!! 

obs - a moça foi medicada e teve alta ainda naquele dia. 

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A 150 quilômetros por hora....

Vamos acelerar? Foi com essa pergunta que o instrutor inglês me convidou a pisar no acelerador e chegar a 150 km/h nas estradas inglesas. Aceitei o convite e o carro disparou, foi embora macio macio...
Antes disso, ele pediu que eu jogasse o carro para o meio da pista. Estava numa estrada estreita de duas mãos na pequena cidade de Brockenhurst. Foi ali que tive o prazer de dirigir um Aston Martin, o carro mais famoso do agente secreto James Bond.
O carro era automático, uma delícia. O instrutor ficou surpreso quando respondi que aquela seria a primeira vez que iria dirigir um carro sem marcha. Não tem no Brasil?, perguntou. Ter tem, respondi, mas por enquanto é para poucos. Expliquei que os carros aqui são muito caros.
Durante meia hora me senti uma bond girl, me aventurando em alta velocidade pelas estradas inglesas. Bom demais!!!!!
Na volta, tive o prazer de dirigir um Aston Martin, 1965, modelo usado em alguns filmes de James Bond. Desta vez, volta rápida, menos de cinco minutos. O instrutor me mostrou como mudar as marchas inglesas, perguntou se estava pronta e lá fomos nós. Tirando o freio de mão, muito duro, o resto foi tranquilo. O carro é gostoso de dirigir.
No final, agradeci e fui embora.
Encontrei um colega jornalista que perguntou: e aí foi fácil dirigir do lado inglês, mudar de marcha com a mão esquerda? ah foi sim, respondi. Mas, confesso, não lembro de ter mudado de marcha...rs. Acho que o carro andou os cinco minutos em primeira... Imagina a cara do instrutor! Minha aventura está no link abaixo.

http://www.youtube.com/watch?v=VAZFNYFYTYs&feature=plcp

domingo, 30 de setembro de 2012

Eu entrevistei o James Bond

My name is Bond, I was James Bond... Sim, ele foi James Bond. Eu tive o prazer de ouvir esta frase de Roger Moore, o ator britânico que interpretou o agente secreto por sete vezes. Se eu sonhava com isso? Sinceramente, nunca tinha nem imaginado essa possibilidade. Eu tenho muitos sonhos no jornalismo, alguns já realizei. Mas esse... Não era sonho, mas virou! Foi um prazer ficar pertinho de um ator conhecido mundialmente. Eu gosto de me empolgar com as oportunidades que a vida oferece!!!
A entrevista era rápida, tinha apenas cinco minutos. Cheguei, me apresentei, ele sorriu e estendeu a mão. Perguntou de onde era. Quando respondi, lembrou na hora que os próximos jogos olímpicos serão no Rio de Janeiro!! Os técnicos deram o "vai" e eu comecei a entrevista.
Aos 84 anos, Moore já deve ter respondido todas as questões sobre James Bond. Mesmo assim, esbanjou simpatia, educação, delicadeza. Não esperava nada diferente. Antes da viagem, assisti a muitas entrevistas e se não era fã, virei. Ele é realmente um gentleman.
Depois entrevistei Chris Courbould, responsável pelos efeitos especiais. Outra graça de pessoa. Logo de cara perguntei se James Bond era um sonho de garoto, afinal Chris começou a trabalhar com a série aos 17 anos!! Ele, tímido, me olhou com os olhos brilhando e meio que se perguntando...como ela sabe? Ganhei a simpatia dele e uma entrevista deliciosa, com respostas inteligentes, divertidas e elegantes. Sem aquele estrelismo que vejo de alguns artistas com jornalistas. Que acham que podem tratar a gente como bem entende.
Moore e Chris são dois gigantes, no talento, na educação, na gentileza... apaixonei!!!

http://www.youtube.com/watch?v=-F3ZnbUwfC4&feature=pl

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Quem sabe faz ao vivo!!

Eu adoro entrada ao vivo. É fácil? Nem sempre... mesmo depois de tantos anos, `as vezes, a mão insiste em tremer, fica suada, o coração dispara. Ah, mas como eu gosto...
O primeiro "ao vivo" foi na época da TV Diário. Era produtora. O jornal teria uma entrevista ao vivo, mas o auxiliar iria segurar o microfone. O apresentador faria as perguntas. Quando soube disse, me ofereci para fazer o link. Deixaram e lá fui eu. Fiz maquiagem e encarei o desafio. Que delícia!!!O ao vivo tem suas aventuras e é preciso sair das enrascadas. Certa vez, entrevistando um bombeiro, havia um painel com informações sobre botijão de gás. Na hora da entrevista, o vento joga o painel pra cima da gente. O bombeiro estava de costas e eu de frente, percebi e consegui segurar com uma mão e na outra o microfone. Continuamos a entrevista como se nada tivesse acontecido...
Numa outra vez eu estava na marginal Pinheiros para falar sobre o trânsito. O câmera, que estava sem o fone de ouvido, não percebeu que a apresentadora me chamava.... eu já sabendo que estava no telão, no ar, não podia avisá-lo e só me restou começar a falar. E a câmera parada ali no tripé... Ele e o auxiliar olharam quando me ouviram falar e entenderam o que estava acontecendo.... o câmera delicadamente e em apuros conseguiu tirar o equipamento do tripé e fazer o movimento para o trânsito. Ufa, que sufoco!!!
Numa feira, eu falava sobre frutas e legumes. A berinjela estava na minha frente, mas não sei porque falei beterraba. A entrevistada falou baixinho, é berinjela! Eu fiz a entrevista e no final, meio que rindo, fiz a correção.
Mas pior foi numa feira. Ainda bem que era um piloto, não foi ao ar. Estava falando do preço dos alimentos em geral. E tinha visto o preço do maracujá, iria falar sobre ele. Na hora do "valendo" fui de uma banca pra outra e quando cheguei na banca da fruta não achei o maracujá. O feirante tinha tirado porque a feira já estava no final... Eu olhei e pensei, "ué, cade o maracujá?" A saída que arrumei na hora foi falar do preço da fruta ao lado, que detalhe, não consegui identificar...rsrs. "essa fruta aqui, tá 30 reais o quilo". Acontece!!

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Ao mestre, com carinho!

 Este fim de semana fiquei sabendo da morte do jornalista Roberto Hirao, de 68 anos. Uma dor no coração...
O Hirao tem participação especial na minha carreira. Eu o conheci em 1998 durante a seleção para a Folha da Tarde (que deu lugar ao Agora São Paulo). A vaga para o caderno de variedades foi publicada nos classificados da Folha. Mandei currículo e foi ele quem selecionou. Na entrevista, me recebeu muito bem, foi simpático. Durante o papo, ele confidenciou que já tinha morado na minha rua.
Um mes depois, eu fui chamada para uma outra vaga, em geral. Comecei a trabalhar e passei a conviver com aquele jornalista que tinha muita história pra contar. O Hirao tinha mal de parkinson e a doença já dava sinais. Mas ele continuava firme, trabalhando, orientando, fazendo o que gostava. E tinha um texto maravilhoso!!!
No meio da turbulenta chefia da época, ele era o ponto da calmaria, do aconchego. Orientava sem gritos, com calma, conselhos sábios, que a menina de 24 anos gostava de ouvir e seguir. E ele ouvia com paciência a jovem foca animada com suas aventuras. "Hirao", eu gritava na redação...e ele sempre respondia com um sorriso.
Eu tive o prazer de ser escolhida por ele para dividir algumas reportagens. Uma delas sobre a talidomida, um medicamento usado anos atrás para combater enjoos em mulheres grávidas e que provocou problemas em alguns recém-nascidos. Ele escreveu o texto principal e eu fiquei encarregada do personagem. Encontrei um homem sem braços, vítima do remédio."Dividi uma página com o Hirao", pensava orgulhosa.
Quando fui chamada para ser editora no Notícias Populares fiz questão de contar ao Hirao. Lembro até hoje dele me dizendo..."mas o NP está acabando".  Hirao estava preocupado com meu futuro profissional. Eu respondi: "mas eu não aguento mais trabalhar 12 horas por dia". Essa era minha carga horária e eu já estava exausta. Ele entendeu minha angústia, sorriu e me desejou boa sorte. Não esperava nada diferente. Obrigada, Hirao, por dividir seu conhecimento comigo. Vai fazer falta para o bom jornalismo.

sábado, 11 de agosto de 2012

Oi, é o Zé Roberto...

Eu sempre gostei de esportes. Cheguei a participar dos campeonatos de vôlei organizados pelo governo entre as escolas estaduais. Essas disputas eram um sucesso. A gente torcia como se fosse seleção!!! O colégio onde eu estudava, o famoso "Daniel", tinha duas grandes quadras, uma delas coberta. E eu minha turma aproveitamos muito esse espaço.
Eu vivia no ginásio do Ibirapuera acompanhando as partidas de vôlei. Delirava com Xandó, Renan (o gato!!!!) Montanaro, Willian, Bernard e sua jornada nas estrelas....depois Mauricio (o gato 2!!!!), Carlão, Tande, Giovani, Marcelo Negrão. No basquete, amava ver o Oscar jogar. E vibrei quando a seleção foi campeã no Panamericano de 1987, em cima dos EUA. Eu gravei esta final em vhs. Há alguns anos entrevistei o Marcel, outro grande jogador de basquete, também medalha de ouro. Ele não tinha nada desta época. Providenciei uma cópia e mandei entregar. Quem diria...
Enfim, cresci com a vontade de ser repórter esportiva. O tempo passou, me formei e as oportunidades que apareceram foram em "geral". Peguei gosto por cobrir enchentes, trânsito, manifestações, greve e fui ficando.
Nas olimpíadas de Londres, vendo o José Roberto Guimarães ser campeão mais uma vez, me lembrei de um episódio. Eu estava no último ano de faculdade, em 1996, e escrevia para o caderno "Vestibular" do Diário do Grande ABC. Não me lembro da pauta, mas precisava entrevistar o Zé Roberto que na época comandava o time do Banespa. Passei uma manhã esperando na quadra e justo naquele dia, ele não apareceu. Deixei meu telefone com a secretária e expliquei a urgência.
No dia seguinte, na redação, telefone toca: oi Renata, é o Zé Roberto... com aquela voz serena, tranquila...
Eu, uma jovem estudante, quase caí dura do outro lado da linha. Confesso que deixei o telefone sem muita esperança de que ele retornasse. Pois é, me enganei...E a conversa foi ótima!! E no final, ele confidenciou:  "a minha secretária disse que seu eu não te ligasse, você poderia perder o emprego, fiquei preocupado...". Expliquei que não era bem assim, mas agradeci a ligação rápida.
A gente colhe o que planta, acredito muito nessa frase. Por isso o Zé Roberto faz tanto sucesso. Parabéns por mais uma conquista!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O guarda!

"O senhor tem autorização para gravar no meio da rua?", perguntou o guarda ao cinegrafista. Ele, achando aquela pergunta absurda, respondeu que não e mandou: pode gravar!
Estávamos numa rua do centro de São Paulo gravando uma passagem (quando o repórter aparece na reportagem). Eu parada, cinegrafista na frente com câmera no tripé. Auxiliar do lado. Nada além disso. Chega o guarda e faz a pergunta. Tentamos argumentar que a rua é pública, não precisamos de autorização. O guarda emendou: "ah, mas você não pode armar o tripé aqui no meio da rua sem autorização."
O cinegrafista ainda perguntou: "qual é a lei que proíbe?". O guarda não soube responder. Em seguida, ele pega o rádio e diz: "Central, eles não estão me obedecendo". 
Não acreditei no que estava acontecendo. Enfim, gravamos a passagem em meio a tudo isso e saímos. Pesquisei na internet e não encontrei nenhuma lei que proíba cinegrafistas de armarem tripé e câmera no meio da rua (não estávamos atrapalhando a passagem de ninguém). Empresas, hospitais, shoppings, lojas, eu entendo. Seguimos as regras. Se não pode, não pode. Mas na rua... tô passada!

terça-feira, 24 de julho de 2012

Homem tem medo de médico? Tem sim, senhor!

Na pauta estava o recado: "a assessora garantiu que não teremos dificuldades para encontrar personagens no hospital." E não é que ela estava certa? O Centro de Referência de Saúde para Homens fez um levantamento e constatou que mais de 60% dos pacientes procuram ajuda médica quando o problema já precisa de cirurgia. Ou seja, o caso é grave. E este era o gancho da minha reportagem.
Chegando no centro começamos a fazer imagens dos pacientes. E logo no primeiro perguntei: o senhor não gosta de ir ao médico? "Opa, só vim mesmo porque estou cheio de dor..." Pode me dar entrevista!!!
No segundo paciente que abordei, tiro certeiro de novo. "A gente vai adiando, acha que não é grave".
No terceiro paciente abordado, bingo! Ele só foi até o hospital porque os sintomas já estavam graves e impossíveis de ignorar. Ah, e escondeu o problema da mulher por 10 dias, com medo dela mandar ir para o hospital logo.
Sorte de repórter? Nesse caso acho que não. Nunca foi tão fácil encontrar personagens para um vt...
Por mais que eles me dissessem que era falta de tempo, preguiça... eu saí de lá com a sensação de que homem tem mesmo medo de médico!
Segue o link da matéria:
http://www.redetv.com.br/Video.aspx?52%2C15%2C279311%2Cjornalismo%2Credetv-news%2Cmaioria-dos-homens-nao-costuma-cuidar-da-saude-diz-pesquisa

domingo, 15 de julho de 2012

Pelo elevador de serviço, por favor! Não...

É comum uma equipe de tv ser tratada como prestadora de serviço. Não muito raro, recepcionistas, porteiros e seguranças já ficam "atentos" quando a gente chega em prédios, condomínios ou empresas. Seguranças já nos abordam na entrada. Pois não?
Certa vez num condomínio de luxo, o porteiro queria que a equipe parasse na portaria de serviços e se identificasse (todos deveriam apresentar documento). Me neguei e respondi: o morador já não autorizou nossa entrada? Então, eu vim para uma visita, não para trabalhar. Ele achou melhor liberar a entrada.
Em outro prédio, a recepcionista insistia que deveríamos subir pelo elevador de serviço. Quando cheguei, só tinha lixo hospitalar, já que era um prédio de clínicas médicas. Nem perdi meu tempo, voltei para o elevador social e subimos por ali mesmo! Em condomínios residenciais, isso de qualquer classe social, também é comum o porteiro indicar apenas o elevador de serviço. Geralmente, ignoro.
Mas a pior situação foi numa clínica médica. Reportagens de jornalismo não carregam equipamentos pesados. Câmera, luz e microfone vão na mão. A recepcionista nos colocou na micro cozinha da clínica. Sim, ela tomou esta decisão, não queria que a equipe ficasse ali com todos "aqueles equipamentos" na recepção com os pacientes. Ficamos na apertada cozinha por cerca de meia hora até a entrevistada chegar. Na espera, devoramos todas as bolachas...rs.
A médica chegou, ficou sem graça quando descobriu onde estávamos alojados. Fiz a entrevista tranquilamente e no final, dei a bronca, sem dó. Se aceitou dar entrevista, que respeitasse minha equipe. Sou jornalista, não estou prestando favores.
Na redação, avisei a pauta: pode riscar essa clínica da agenda.


domingo, 8 de julho de 2012

Que vergonha, Pitta!

Seria mais uma manifestação de moradores lutando pela melhoria na pavimentação, não fosse um detalhe. Dezenas de crianças, moradoras de um bairro da zona leste de São Paulo, também estavam protestando. E não estavam só gritando. Os pequenos carregavam pedras enormes para tentar tapar os buracos da via. As cenas renderam imagens fortes. E ficaram na minha cabeça durante toda aquela semana. No rosto, era visível o esforço das crianças.
A rua era de terra, completamente esburacada. Passar ali uma única vez foi difícil, image todos os dias. E era assim a vida dos moradores. Quando chovia, situação pior. Os estudantes tinham de colocar o pé no barro e muitos chegavam sujos na escola. Isso quando conseguiam chegar.
O que era para ser um registro do protesto, virou manchete. E que foto, obra do talentoso Almeida Rocha. A gente se entendia pelo olhar. Eu dava o recado pela expressão. E ele a mesma coisa. Num olhar, me indicava o que tinha feito. Era nosso código.
Quando voltamos para a redação, ele tinha as fotos. E eu, os depoimentos. Juntos, ganhamos a capa. É assim que o trabalho sai bem feito, com parceria, sintonia!
O título faz referência ao prefeito da época, Celso Pitta.

sábado, 23 de junho de 2012

Uma corintiana de 100 anos!

Esta semana tive o prazer de conhecer dona Geraldina, uma senhora de 100 anos. Linda, simpática, feliz, lúcida!!!
A entrevista seria pra falar sobre as eleições de 1933, a primeira em que as mulheres votaram. E ela estava lá, participando como eleitora e funcionária da junta eleitoral. Ela contou que as mulheres estavam felizes, ela inclusive. Repetiu várias vezes que sentia orgulho porque finalmente tinha um título eleitoral. E isso foi uma conquista importantíssima para as mulheres na época. Perguntei: a senhora lembra da roupa que foi votar? ah minha filha isso faz 100 anos...rsrs. Mas aí ela emendou, dizendo que as mulheres usaram roupas de festa, chapéu, tudo para votar pela primeira vez. História pura ali na minha frente...
Depois da entrevista, eu e equipe tomamos um café delicioso com bolachas e o papo continuou divertido. Ela, corintiana, estava radiante com a ida do Corinthians para a final da Libertadores.
E contou que nasceu um ano depois do Corinthians, no mesmo bairro do time, ou seja, não tinha como não ser corintiana. O time foi ganhando fama, mas ela não tinha a mínima idéia do que era o Corinthians.  O que é isso?, ela costumava perguntar. E diziam, é o Corinthians, um time de futebol...Uma corintiana que pode dizer que, literalmente, acompanhou todas as derrotas, vitórias e títulos do clube do coração. E o auxiliar Reinaldo brincou: a senhora acha mesmo que o Corinthians vai ser campeão? Quer apostar?, respondeu dona Geraldina, na lata.

domingo, 17 de junho de 2012

Na caça ao cantor Daniel

Eu gosto da voz do cantor Daniel, mas não sou fã. A caça em questão foi para uma reportagem, que nem era minha... mas eu fui na aventura. A Karina, repórter de variedades do Agora SP, me convidou para ir até Brotas. Eu estava de folga e aceitei. A missão dela era conseguir alguma novidade sobre o cantor na cidade onde ele mora. Lá fomos nós..
Perguntamos aqui, ali e conseguimos descobrir algumas coisas. Nada excepcional. Apenas curiosidades, do tipo, a casa dos pais do cantor, na época (final da década de 90) , ser ponto turístico. Sim, as pessoas que iam até a cidade para os passeios ecológicos costumavam perguntar onde o cantor morava. E vira e mexe alguém tirava foto.
Como a gente não sabia onde era essa casa, começamos a perguntar na rua. Até que perguntamos para um rapaz. Você sabe onde mora o Daniel? Ele... que Daniel? Ahhhhh, como assim que Daniel, o cantor, claro,  respondemos...
Ele, meio sem graça/indignado respondeu:  eu conheço uma pá de Daniel...E indicou o caminho.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Povo-fala de cada dia

Povo-fala é quando o jornalista pede a opinão das pessoas na rua. Não é pesquisa. Apenas coloca-se na reportagem uma ou mais pessoas falando sobre determinado assunto. A banana subiu, exemplo. Lá vai o repórter perguntar pra dona de casa o que ela acha desse aumento. É isso.
Eu gosto de povo-fala. Acho que enriquece a matéria. Mas nem sempre é fácil... muita gente tem pressa, vergonha e não para para falar com a gente. E lá se vão dezenas de tentativas, até encontrar uma boa opinião. Fala comigo, fala comigo... costumo implorar na rua.
Mas tem horas que é muito engraçado. Mesmo. O pessoal do esporte queria um povo-fala sobre a seleção brasileira. E lá fui eu atrás das minhas vítimas. Se a pessoa vai ou não falar bem, é uma incógnita. Tem que tentar. E eu tentei com um senhor que se aproximou da equipe com aquela cara de quem queria falar no microfone. Eu deixei...mas a frase que saía era totalmente indecifrável. Pedi para ele repetir, mas de novo, ele se atrapalhou e não deu para entender absolutamente nada. Falava enrolado ou sei lá eu, em que língua....Agradeci e parti para o próximo desafio.
A tal entrevista fez sucesso na redação... Agora, eu não sei se ele estava tirando sarro da minha cara ou se realmente travava na hora de falar no microfone...

O povo-fala de hoje foi divertido...perguntava para as pessoas se elas sabiam o que fazia um vereador... muita gente não queria falar. Aí o cinegrafista passou a se divertir. Perdeu 500 reais, perdeu 1000 reais...teve uma senhora que voltou eu disse...eu falo, eu falo hahahaha, achando mesmo que a gente dava dinheiro!!!

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Pendurada no ombro do fotógrafo

A pauta era cobrir alguma ocorrência no metrô. Como faz muitos anos não lembro ao certo se era uma colisão, uma queda de energia ou algo do gênero. Só lembro que a linha estava parada e precisávamos registrar o trem.
A Angélica, pauteira, me passou a missão. Ír até o local ver o que está acontecendo. Eu lembro de ter ligado para a assessoria e, claro, fui informada que não teria autorização para entrar. Angélica, sempre delicada, insistiu e disse para eu ir até lá, afinal era preciso tentar. Hoje, mais experiente, fico imaginando o que passou na cabeça dela aquele dia. Eu era foca, começando na reportagem.
Eu segui para o local com o fotógrafo Almeida Rocha. Havia um muro enorme, não conseguíamos ter visão do trem. Um olhou para o outro e nós não tivemos dúvida... Eu subi no ombro dele e virei fotógrafa!! rsrs Imagine a cena: o fotógrafo tentando se equilibrar com uma repórter nas costas. Eu não sabia se tirava foto, dava risada ou ficava de olho nos seguranças que poderiam aparecer a qualquer momento. Mas estava achando aquilo o máximo.
Depois, vejo um vendedor ambulante passando mais adiante com uma cadeira mão. Não tive dúvida. Saí correndo e pedi emprestado. Aí sim o verdadeiro fotógrafo conseguiu registrar o trem. Entrevistei passageiros na rua e voltei pra redação. Apurei o resto com assessoria.
Eu acho que essa ocorrência foi um divisor de águas na minha carreira. Foi a partir dela que eu descobri que repórter não precisa, necessariamente, autorização para tudo. Tem que tentar, correr atrás e o melhor, é muito divertido furar barreiras!!!

domingo, 20 de maio de 2012

Riqueza do jornalismo

Eu adoro matérias com personagens. Muito. Contar a história das pessoas comuns enriquece qualquer reportagem. E gostei especialmente desta  para o dia das mães. Quando a produtora me falou, já fiquei imaginando o roteiro e dando palpites, claro...
Acompanhei o parto. Na hora do nascimento fui brincar com a mãe, que ainda não tinha visto a pequena: eu já vi sua filha! Quando olho, ela estava chorando, emocionada...Ai, meu Deus! virei para o cinegrafista, elétrica, ela tá chorando, ela tá chorando...Me empolguei, afinal não é todo dia que se acompanha o nascimento de alguém!
Na mãe adotiva, que delícia... fiz questão de colocar no texto o que realmente senti na casa. As crianças são saudáveis, sentem-se a vontade ali, e, o que é melhor, estão sempre sorrindo.
Eu escrevi o texto logo que cheguei da rua. Transmiti tudo que estava sentindo, pensando nas cenas que tinha presenciado. Adorei principalmente o grito de guerra que mãe e filha costumam fazer. Os beijos e abraços são espontâneos, não param!
E no ar, as imagens confirmam tudo que senti ali com a família. 
Quem já assistiu a matéria me falou sobre isso, como eles são felizes. São sim, e eu tive o prazer de presenciar isso. Mais uma experiência enriquecedora, privilégios do jornalismo.

Segue abaixo o link da matéria,
http://www.youtube.com/watch?v=SwxqWzp23EM&feature=plcp

sábado, 12 de maio de 2012

Eu não tenho o direito de pedir nada a Deus

A frase acima não é minha, mas serve pra mim. Ouvi a cantora Ivete Sangalo falar uma vez e achei linda. A gente reclama de boca cheia, muitas vezes. Muito mesmo.
Eu tive o prazer de gravar uma matéria especial para o dia das mães. Queríamos mostrar como vivem as mães cujos filhos fazem tratamento contra o câncer. Conhecemos (eu e equipe) várias famílias que vivem com o coração apertado por causa da doença. Teve um pai que até largou o trabalho só para acompanhar o tratamento da filha de 6 anos e viver o maior tempo possível com ela.
As mães, mesmo com o coração dilacerado, arrumam forças sei lá onde para enfrentar tudo. A gente se emociona na gravação, mas depois vai embora e segue a vida. Aquelas famílias não, continuam ali esperando a cura. 
A reportagem traz uma experiência e uma vivência maravilhosa. A gente aprende cada coisa...Desta vez, eu aprendi com essas mães que lutam para salvar os filhos o que é realmente uma dor, um problema. O resto são desafios, muitas vezes, passageiros. É só aprender a desviar das pedras...
Na volta para a tv, eu e a equipe chegamos a conclusão de que nós não temos o direito de pedir nada a Deus...

22 de julho de 2012 - Hoje infelizmente fiquei sabendo que a Carol faleceu. Triste notícia.

Segue o link da matéria
http://www.youtube.com/watch?v=SrgNWzQsNa0&feature=plcp

domingo, 6 de maio de 2012

Feliz Aniversário, blog!!!

A semana é de festa, de comemorar um ano do meu blog. No dia 7 de maio de 2011 eu escrevia meu primeiro post nessas páginas. Peguei gosto e não penso em parar tão cedo.
Conto aqui minhas aventuras na reportagem... e me divirto toda vez que relembro algo.
Dezessete anos! Eu olho pra trás e penso: puxa como passou rápido! Continuo aprendendo e o que é melhor, continuo apaixonada pelo que faço. E isso faz diferença, assim como a experiência. Não pulei etapas e tive paciência para passar por cada obstáculo e coragem para recomeçar uma trajetória só para realizar um sonho (já escrevi sobre isso aqui, quando mudei de impresso para tv).
Há alguns dias dei uma palestra para médicos sobre como lidar com os jornalistas. É o chamado midia training. Fiz um roteiro do que achava importante sobre os "perigos da imprensa" e depois respondi `as perguntas. Falei durante uma hora e meia. No final, fui elogiada e recebi novos convites.
Depois, pra minha surpresa, descobri que no twitter tinham vários comentários a respeito da minha apresentação, sempre positivos. Ufa, ainda bem! Nesse dia tive a certeza de que nada foi em vão e que minha experiência tem valor, mesmo que nem sempre reconhecida. (um amigo até brincou, dizendo que estou no estilo "quer pagar quanto?"...rs)
A história que construí é minha, eu conquistei, eu batalhei, eu corri atrás de cada capítulo.
E lembrei da frase que um amigo me disse certa vez: "não desista dos seus sonhos por causa dos outros". Não vou desistir!
Feliz aniversário, blog!!!


domingo, 29 de abril de 2012

Nas entrelinhas 2

Enquanto escrevia o texto anterior lembrei de outra reportagem que surgiu das "entrelinhas".
Manifestantes que exigiam moradia do governo de São Paulo foram atendidos pelo governador Mário Covas. Os jornalistas puderam acompanhar.
No meio das reivindicações um líder comunitário avisa: "O Jardim Pantanal está sendo ocupado novamente. Tem gente vendendo casa lá".
A frase me chamou a atenção, já que eu tinha feito a cobertura da desocupação. Ali era área de manancial e não poderia ser ocupada.
Saí do Palácio dos Bandeirantes com aquilo na cabeça. Na redação comecei a ligar para alguns líderes que conhecia e confirmei a informação. Marquei com um deles e fui até lá.
Os moradores tinham sido retirados, mas algumas casas continuavam de pé. Resultado: foram ocupadas novamente. Nem todas foram invadidas. Algumas foram compradas!!!! Famílias que vieram de outros estados e não sabiam nada sobre o bairro compraram as casas do "dono". Encontrei várias histórias assim. Naquela altura, as famílias compradoras já sabiam que tinham caído num golpe. Afinal, o "dono" não passava de um espertalhão que vendia as casas que não eram dele...
Mais um furo de reportagem que surgiu das entrelinhas. Pena que a notícia era tão triste.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

NAS ENTRELINHAS...



Os entrevistados e fontes dizem coisas nas entrelinhas. Aprendi isso com o tempo. De uma frase jogada no ar pode sair uma matéria...
As missas do padre Marcelo Rossi começaram a fazer sucesso no final dos anos 90.  Na primeira igreja, chegou uma hora que não cabia mais ninguém e ele passou a celebrar na rua, mas o barulho incomodava os vizinhos.
Em 1998, as missas foram para um galpão, perto da marginal Pinheiros. É aqui que entra a informação das entrelhinhas...
Certa vez (trabalhava no Agora São Paulo), eu liguei para um secretário na prefeitura para pegar informação para uma outra matéria. No meio da conversa, ele joga... "o dom Fernando (bispo de padre Marcelo) acabou de sair daqui, parece que a dona do galpão não vai mais alugar o espaço pra igreja."
Hum....
O tal secretário sabia que eu costumava cobrir as famosas missa,.por isso me passou a informação como quem não quer nada...Entendi o recado!
Fui atrás da história e consegui confirmar. E mais: descobri que o padre Marcelo iria ficar um tempo sem celebrar essas missas porque ainda não havia conseguido outro lugar do mesmo porte .
A reportagem saiu na capa, e no dia seguinte, outros jornais correram atrás da história. Furo!

terça-feira, 10 de abril de 2012

É feio, mas dá pra andar....

Quando era prefeito, Celso Pitta visitava três vezes por semana os bairros de São Paulo. Na vistoria tinha sempre a companhia dos jornalistas, eu inclusive.
As visitas nem sempre rendiam matéria. Mas a gente acompanhava para garantir que o prefeito não iria falar nada demais.
Uma dessas visitas foi ao bairro Capela do Socorro, na zona sul. Lá, no meio da caminhada, eu reparei no asfalto de algumas vias: mal colocado, cheio de pedregulho, mas que aparentemente funcionava melhor que as ruas de terra em volta. Questionei os moradores e eles me confirmaram que o asfalto era novo e que eles gostavam de ter a rua pavimentada, mesmo que daquela forma inacabada. Isso porque nos dias de chuva, com barro, era impossível transitar por ali.
O administrador regional do bairro (hoje o cargo chama sub-prefeito) confirmou a pavimentação. O asfalto era reaproveitado das marginais que tinham acabado de ser recapeadas. Como o material ainda era bom, a prefeitura resolveu usar nos bairros mais afastados.
O administrador sabia que eu era jornalista, apesar da minha cara de menina lá pelos meus 25 anos. Mas insistia em falar baixinho, perto do meu ouvido o que ele pensava do asfalto colocado naquelas ruas. E deixou escapar quando eu falei:
- Mas é feio.
- É feio, mas dá pra andar, ele respondeu.
Nem preciso dizer que virou título da minha matéria.
No dia seguinte, ele me liga na redação reclamando que tomou bronca do secretário por causa da declaração. Ele confirmou ao chefe que realmente tinha dito aquilo pra mim. Mas a matéria, em si, não era negativa, já que os moradores elogiavam o asfalto. Era melhor que o barro, diziam.
No final eu o convenci disso... e ele ainda acabou me parabenizando pela reportagem e dizendo que iria pensar duas vezes antes de conversar com um jornalista. Apesar de vários repórteres estarem no local, só eu percebi aquele asfalto invocado.
E foi ele que disse que é feio, mas dá pra andar! Uma declaração assim era tudo que eu precisava...rs

quinta-feira, 29 de março de 2012

Renata, você pode ir pra Disney?

Numa tarde de julho o telefone de casa toca. Ao atender, vem a pergunta:
Renata, você pode ir pra Disney? O convite inesperado partiu de Marina Telecki, repórter da revista Atrevida, e uma querida amiga. Ela me ligou na terça-feira para viajar na quinta....
Em 2007, depois da saída da Rede Mulher, fiquei alguns meses fazendo frilas para editoras e produtoras e estava livre para viajar. Oba!!
A revista precisava de uma jornalista para acompanhar a leitora Carolina, na época com 17 anos. Ela ganhou uma promoção e o prêmio era conhecer a Disney. Minha missão era registrar todo o passeio, inclusive com fotos.
Conheci a jovem e a mãe no aeroporto. Eram de Minas Gerais. Nos juntamos ao grupo da agência, com 80 pessoas. Uau...
Fiquei 12 dias em Orlando, conheci todos os parques, me esbaldei nos tobogãs, encarei algumas montanhas-russas, corri atrás dos personagens (sim... só quem vai lá sabe o que é encontrar a Branca de Neve ou o Homem Aranha...). Tirei fotos da Carol e as minhas, claro!
O meu trabalho e a sorte da Carol chamaram a atenção dos jovens. Eles vinham perguntar o que eu estava fazendo, questionavam a Carol sobre a promoção, diziam que nós duas éramos sortudas. Sim, porque a Carol escreveu a frase vencedora, mas eu também fui premiada. Afinal, viajei para Disney com tudo pago, recebi dinheiro para gastar lá e fui paga pela matéria. E beijei o Mickey!!! Opa, alguém aí tem coragem de dizer que eu não sou sortuda???

segunda-feira, 19 de março de 2012

Um segurança no meio do caminho...

Uma amiga jornalista estava me contando outro dia a atitude de um segurança que não permitia que a equipe gravasse na calçada em frente a loja onde ele trabalhava. Eu disse calçada...local público! É... o local é público, mas é comum alguns seguranças reclamarem com as equipes de tv. "Aqui vocês não podem gravar", costumam dizer. E isso gera muito bate-boca.
Certa vez paramos no bolsão da avenida Paulista _ onde podemos parar com pisca alerta ligado _ e o segurança de um prédio veio reclamar. Disse que o carro não poderia ficar ali... "Pode, senhor, pode. Se quiser, chama a CET."
Quando trabalhava no Agora São Paulo fui cobrir uma greve de ônibus num terminal da zona sul da cidade. A assessoria da secretaria de transportes tinha autorizado, no dia anterior, a fazer reportagem no local. Só que o segurança não sabia disso...
Eu estava acompanhada da Renata, fotógrafa. Irritada, ela ameaçou entrar no terminal, mesmo o segurança não autorizando. No reflexo, ele colocou a mão na cintura, onde estava a arma. Puxei a Renata pelo braço, e falei: parou, daqui a gente não passa. Vai saber onde essa história ia acabar. Tudo foi resolvido quando consegui falar com a assessoria e nossa entrada foi liberada.
Gravar em shopping nem sempre é fácil, mesmo quando temos autorização. A gente entra e lá vão eles para o rádio checar com chefia se a gente pode mesmo estar ali. E vira e mexe me perguntam: vocês têm autorização? Sim, temos...
Certa vez fui gravar numa loja de chá, dentro de um shopping. A proprietária nos deu uma sacola com alguns sachês. Na saída, o segurança nos aborda: vocês vão gravar alguma coisa aqui? Respondi: "não, vim comprar chá" e levantei a sacola. Ele pediu desculpas e foi embora...

obs: esse texto não é uma crítica, apenas relato fatos curiosos que ocorreram na reportagem. Muitas vezes, os seguranças nos ajudam muito nas matérias.

domingo, 11 de março de 2012

Personagens que caem do céu

Sim, os personagens caem do céu!!! Basta saber perceber onde eles estão...
No final do ano houve um incêndio numa favela de São Paulo. No dia seguinte, a chefia queria contar histórias curiosas, com emoção. Caminhando até o local reparei num senhor gritando, olhando para o alto. Parei, observei e descobri que ele chamava os cachorros. Perguntei, e ele respondeu que os três animais eram dele e estavam presos no prédio que pegou fogo... Opa, era o que precisava. Entrevistei, ele chorou, uma história de amor bem bacana. Os cães foram resgatados.
Certa vez gravava num clube sobre a importância do bronzeador. Uma menina de uns onze anos  aproxima-se e pede: "Me entrevista". Você usa bronzeador? "Minha mãe me chama toda a hora pra passar. Ela fala que é sol é perigoso" Oba!!! Fui até a mãe e entrevistei a dupla.
Na última Couromoda mostrei que a tendência eram os sapatos com brilho, glitter. Para ter opinião sobre essa tendência resolvi fazer um povo-fala com as mulheres que estavam na feira. Logo na primeira, uma mulher diz: "Quero aparecer na tv". No que olhei, falei, é você mesma! A mulher estava com uma maquiagem fashion e na sombra muito glitter...Perfeito!
E pra encerrar, outro achado. Pouco antes das eleições, os tribunais costumam colocar urnas eletrônicas para o público treinar. Há alguns anos, fui fazer matéria no metrô sobre isso. A novidade naquele ano era a urna com linguagem em braile. Precisava de um cego... Sorte?  Eu acredito muito nela. E persistência. Espero, espero, espero...de repente, vejo lá na frente um cego passando com um funcionário do metrô. Vou atrás, me apresento e explico sobre a reportagem. Ele aceita e vai até lá testar, dar opinião e tirar foto. No dia seguinte, só o Agora São Paulo tinha um cego dando opinião sobre a nova urna eletrônica.
Não falei? Os personagens caem do céu, só não enxerga quem não quer...

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Enganadas por um famoso repórter de tv

Duas jovens jornalistas faziam plantão num jornal regional no ABC Paulista. Colegas de faculdade, colegas de redação, éramos repórteres de geral. Era um sábado tranquilo, não havia muito o que fazer. Nesse dia recebemos a visita de um experiente jornalista policial de uma grande emissora de tv. Ficou ali papeando com a gente , pegou informações sobre a cidade, atuação da polícia, perguntou sobre as favelas... Respondemos tudo, simpáticas, atenciosas, afinal o cara era um grande repórter da tv. E nós éramos repórteres da região, conhecíamos bastante a área. Uma hora depois, o ilustre jornalista vai embora. E nós, todas felizes. Quanta inocência.
Nossas informações o ajudaram, de certa forma, a montar melhor a matéria que explodiu na semana seguinte. Era uma denúncia sobre a violência de policias na favela Naval.
Jantando com a Claudia de Castro Lima, uma querida amiga até hoje, relembramos essa história. Só nos resta dar risada da ingenuidade do começo da carreira. "O cara enganou a gente direitinho", repetimos sempre uma pra outra...rs

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Cadê o caminhão que passou por cima de mim?

Corpo dolorido, preguiça de sair da cama, parece que um caminhão passou por cima de mim... é assim que me sinto na manhã desta quinta-feira, pós plantão de carnaval. E que plantão...
Na terça-feira estava no Anhembi para cobrir a apuração das notas do desfile das escolas de samba de São Paulo. A leitura seguia normalmente, o locutor avisava que era o último quesito. Os jornalistas se posicionaram na mesa da Mocidade Alegre, que liderava. Assim que saísse o resultado final, iríamos para as entrevistas. Eis que fomos surpreendidos por uma gritaria, uma confusão que depois todos viram no que deu.
Começou correria, cadeiras voando, confusão, papéis jogados, pessoas nervosas e os jornalistas correndo pra fazer as entrevistas. De repente, incêndio em um dos carros alegóricos. Eu, o cinegrafista Célio, e o auxiliar Islaudo atravessamos o sambódromo voando... 1 km em menos de 5 minutos... ufa! Enquanto isso, a outra equipe corria do outro lado registrando as imagens de tudo.
Mandei matéria para a tv. Depois, com tudo aparentemente controlado, ficamos aguardando o resultado da campeã. Nesse caso, não havia o que fazer, a não ser esperar. E a espera foi longa.
Enfim, meu dia só terminou à meia-noite, quando eu, produtoras e outro repórter chegamos na tv. Exaustos, mas felizes, porque demos conta do recado. Eu já cobri várias apurações, mas como essa foi a primeira...

http://www.redetv.com.br/Video.aspx?52,15,249461,jornalismo,redetv-news,apuracao-em-sp-foi-suspensa-quando-ultimo-quesito-era-lido

sábado, 18 de fevereiro de 2012

E a educação, onde foi parar?

Esta semana fiz cobertura do julgamento do caso Eloá, a jovem de 15 anos, que foi morta pelo namorado. A imprensa toda estava lá em frente ao Fórum de Santo André, na Grande São Paulo. Tv, rádio, impresso, internet. No fim do dia eu chegava exausta em casa. Parecia que um caminhão tinha passado por cima de mim. Nas entrevistas, todos, inclusive eu, se aglomeravam nas grades para conseguir a melhor imagem, a melhor foto, o melhor som. Um ou outro colega ainda segurava o microfone ou gravador do colega que estava mais distante. Mas no geral, o que observei foi muita selvageria. Sim, essa é a palavra. Colegas tentavam roubar entrevistados de quem estava ao vivo. Como assim????? Além da ética profissional, onde está a educação que a mãe ensinou? Acho que foi por água abaixo.
Barracas e guarda sol determinavam o espaço das mídias. Uma empresa contratou seguranças que olhavam torto para quem passava pelo "espaço" dela. (isso porque só eram profissionais de comunicação). Outra chegou a colocar um cartaz avisando que ali era espaço "só" para eles.
Esse tipo de cobertura já é exaustiva pelos dias e horas que passamos ali. Isso sem contar o sol escaldante e a falta de lugar pra sentar. Correr atrás da informação, sair na frente da notícia é uma coisa. Ser mal educado....

Ah, vale o registro. Um rapaz de um site fazia a cobertura sozinho. Sem estrutura, contou com ajuda da mãe, que durante os quatro dias levou marmita para o filho na hora do almoço. Eu vi!! Mãe é mãe...

domingo, 12 de fevereiro de 2012

23 horas de trabalho


Foi numa sexta-feira de 1999. Trabalhava no jornal Agora São Paulo. Eu entrei às 8h da manhã, meu horário na época. Sete horas da noite eu ainda estava lá... fechava uma matéria especial para a edição de domingo. Em jornais impressos é comum o jornalista trabalhar até de madrugada para adiantar o fim de semana. É o chamado pescoção. Mas como eu havia entrado cedo, no máximo 1h estaria dispensada.
Sonho meu... O editor me informa, umas oito da noite, que o diretor de redação decidiu de última hora cobrir a eleição do rei e rainha do carnaval de São Paulo e ele, editor, queria que eu fosse.
Retruquei afirmando que a festa iria até de madrugada, eu ficaria muitas horas trabalhando direto. O editor respondeu inocentemente que "não, a festa só vai até 1h, no máximo".
Pois é, não foi. A festa terminou tarde, muito tarde. Foi legal a cobertura, gostei da experiência inédita, mas estava exausta. As baterias das escolas de samba tocavam e eu lá tirando uma soneca nas poltronas do Anhembi. O resultado só saiu lá pelas 4h da madrugada.
Entrevistei os vencedores e segui para o jornal. Peguei meu carro e fui pra casa. À tarde, fui para o jornal. E o mesmo editor que me mandou fazer a matéria estava lá de plantão. Entrei, escrevi o texto e me mandei, já que era meu fim de semana livre. Ao editor, só disse uma frase: eu trabalhei por 23 horas seguidas. Ah, ele me de uma folga depois...

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

"Dormi vendo tv e acordei cego"

Foi assim, direto, que Ubirajara me contou como ficou cego. A perda de visão era esperada _ por causa de uma doença _ mas ele disse que mesmo assim o susto foi enorme. Imagino, afinal eu também levei um susto quando ouvi a frase...
Conheci Uribaraja na semana passada. Ele e mais quatro cegos vao ser jurados dos desfiles das escolas de samba do grupo um ao quatro e dos blocos de carnaval. É novidade. Para isso, fizeram um curso durante cinco meses. O objetivo é tornar a avaliação da bateria mais justa, já que esses jurados vão avaliar somente o som.
Com exceção da Giovanna, que perdeu a visão com um ano de idade, os outros jurados ficaram cegos na vida adulta, a maioria por glaucoma, e tiveram de aprender a lidar com a escuridão. Mas não senti rancor de nenhum deles, pelo contrário. Eram alegres. Quando a bateria tocava, eles curtiam, sorriam, dançavam. Senti uma força enorme pra viver e conquistar o espaço na sociedade. E como disse um deles, é o samba quebrando barreiras. E que essa turminha simpática consiga muito mais espaço!
Eu mandei por email o link da matéria para eles e recebi essa graciosa mensagem da Giovanna.
"Oi Renata, muito obrigada por enviar o link, a matéria ficou muito boa mesmo. Obrigada pelo interesse de vcs em nosso projeto e pelo empenho em retratá-lo.
Foi um imenso prazer conhecê-la. Até mais! "
Giovanna Maira


O prazer foi todo meu, Giovanna!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Minha primeira chacina

Esta semana uma jovem editora veio me contar toda animada que tinha editado a primeira matéria exclusiva. Os olhos dela brilhavam tanto que dava gosto de ver.
Essa animação e orgulho pelo trabalho realizado me fez lembrar minhas primeiras experiências no jornalismo.
A primeira chacina ninguém esquece... 12 pessoas mortas num bar de uma cidade na Grande São Paulo. Foi em 1998. Fazia uns dois meses que estava na Folha da Tarde (hoje Agora São Paulo) quando a pauta me encarregou de cobrir o assunto. Por sorte, tinha a ótima orientação de Angélica Sales, minha pauteira. Para pedir os conselhos e saber pra onde seguir, eu ligava de um orelhão...sim orelhão, já que na época pouquíssimas pessoas tinham celular. Ah, e ligava com ficha!!!
Foi a primeira vez também que senti o que é um repórter aparecer num velório quando não é bem vindo... em tom não muito amigável, as famílias disseram que não iriam dar entrevista e que era para eu sair dali. Saí e voltei pra redação pra escrever. Que responsabilidade, pensava!!!
No dia seguinte, a matéria estava na capa do jornal. Era manchete. Minha primeira manchete na Folha da Tarde. Eu já tinha feito uma manchete no Diário do Grande ABC, mas fui codjuvante. Ajudei outra repórter com parte da informações.
Na chacina não. Eu fiz a apuração, eu descobri os fatos, eu escrevi o texto. E tenho certeza que quando vi o resultado na capa meus olhos brilharam, assim como os da jovem editora.

domingo, 29 de janeiro de 2012

O jornalista e suas tragédias

Fiquei dois dias no Rio de Janeiro acompanhando o trabalho de resgate no desabamento de três prédios no centro da cidade. Eu já dormia na quarta-feira à noite quando a redação me ligou avisando que na manhã seguinte iria viajar. Acordei cedo, arrumei as malas e segui para o aeroporto. No Rio de Janeiro, a equipe já me aguardava. Fui direto para o local do acidente.  O cheiro era uma mistura de queimado com pó. Havia muita poeira, quase sufocante. Alguns colegas trabalhavam com máscara.
A pilha de entulho era enorme, assustadora. Em segundos, três prédios desapareceram e destruíram a felicidade de muitas famílias. Bombeiros trabalhavam, curiosos olhavam.
Nessa missão eu tive a ótima parceria de dois produtores da tv. Lívia e Daniel, moradores do Rio de Janeiro, me ajudaram a identificar as autoridades e apurar as informações. No primeiro dia fiquei encarregada de tentar descobrir as causas do acidente. No segundo, acompanhei os enterros de duas vítimas e o resgate dos corpos.
Na última entrevista que fiz com o coronel do corpo de bombeiros, uma declaração forte e que me marcou:
ele disse que algumas pessoas foram encontradas na escada, o que indica que elas tentaram sair do prédio...
Quem escolhe ficar desse lado da imprensa tem de saber que as tragédias fazem parte da vida do jornalista. Nesse caso, não falo do lado pessoal, mas sim do trabalho. E não há como fugir...

sábado, 21 de janeiro de 2012

Filma eu!!!!

Quem trabalha em tv está acostumado com esta frase. Filma euuuu, gritam as pessoas no meio da rua. É interessante perceber a sedução que uma câmera e um microfone provocam sobre as pessoas. Posso dizer, sem exagero, que toda semana ouvimos esta frase. O cinegrafista costuma responder...filmo...
E a curiosidade pra descobrir porque estamos em determinado lugar? Quando várias equipes se encontram no aeroporto sempre vem um ou outro questionar "quem é o famoso que vai chegar?". É a imagem do glamour, de achar que estamos ali apenas para gravar algum artista. Na última vez que ouvi esta pergunta estava no aeroporto pra falar sobre o alto preço dos estacionamentos....
Porteiro de prédio, então, não costuma resistir à pergunta: o que vocês vão gravar? Geralmente respondo apenas que é uma reportagem, para preservar o dono do apartamento. Afinal, ele conta se quiser...
Mas certa vez um porteiro insistiu tanto na pergunta a ponto de não querer deixar a equipe subir. Queria saber de qualquer jeito o que estávamos fazendo ali, já que era proibido gravar no prédio. Eu respondia, mas eu vou no apartamento da moradora tal. Você pode avisar que estou aqui? Na negativa, liguei para a entrevistada, que desceu para nos "resgatar". No apartamento ela me explicou que tinha uma briga antiga com a síndica do prédio, que adorava tomar conta da vida dos moradores....
Gravamos a entrevista e fomos embora. E o porteiro e a síndica continuaram sem saber porque estávamos ali...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Ela só queria uma boneca...

Eu aguardava uma entrevistada numa clínica de psicologia quando me chamou a atenção a conversa entre uma funcionária e uma menina, de uns 5 anos de idade.
A funcionária perguntou o que ela havia ganhado do papai noel. A menina, com olhar triste, respondeu: "o papai noel não apareceu na minha casa. Eu não ganhei nada de natal."
"Nada?" perguntou a funcionária.
"Não, não ganhei nada.... Eu queria uma Barbie, mas ele não me deu", disse.
Assim como eu, a funcionária ficou um tanto mexida com aquela resposta e passou a tentar explicar os motivos que levaram o papai noel a não aparecer na casa dela.
Sem acreditar no que havia acabado de ouvir fui até uma senhora que estava com a menina (o filho dessa senhora iria passar na clínica). Esta mulher cuidava da criança enquanto o pai trabalhava.
Perguntei se era verdade a história e ela confirmou. A menina realmente ficou sem presente de natal. Não ganhou nada de ninguém. Perguntei se a família não tinha condições. Ela respondeu que até teria, já que o pai tinha emprego. Da mãe, não ganhou brinquedo porque o homem não autorizava, já que estavam brigados.
Doía o coração imaginar o triste natal dessa menina e a carinha de decepção ao acordar e encontrar a árvore de natal - se é que havia uma em casa - vazia.
E ela só queria uma boneca...

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Maria sem vergonha!!!!

Certa vez  eu  fui acompanhar um grupo de crianças numa caminhada pela mata Atlântica, na região de Mogi das Cruzes. O objetivo da reportagem era mostrar o que os pequenos iriam aprender ali, as novidades, a reação no meio da natureza.No caminho, observei que havia muita Maria sem Vergonha. Lembrei da infância. Minha mãe sempre gostou desta flor. O quintal de casa vivia cheio. O caule tem uma semente gordinha deliciosa pra estourar... Era uma diversão ficar procurando a tal semente para apertar.
Decidi dividir essa boa experiência com os estudantes... Pois é, acho que não foi uma boa idéia...rs, pelo menos para o guia.
Mostrei a um pequeno grupo como fazer para estourar as sementes. A novidade foi se espalhando até que, em pouco tempo, todos não faziam outra coisa a não ser procurar a tal semente gordinha! Resultado: a molecada não prestou atenção em mais nada, foi até o final do trajeto se divertindo com a Maria sem Vergonha.... O guia me olhava indicando que não tinha gostado muito... Eu, claro, fazia cara de paisagem....