segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Ao mestre, com carinho!

 Este fim de semana fiquei sabendo da morte do jornalista Roberto Hirao, de 68 anos. Uma dor no coração...
O Hirao tem participação especial na minha carreira. Eu o conheci em 1998 durante a seleção para a Folha da Tarde (que deu lugar ao Agora São Paulo). A vaga para o caderno de variedades foi publicada nos classificados da Folha. Mandei currículo e foi ele quem selecionou. Na entrevista, me recebeu muito bem, foi simpático. Durante o papo, ele confidenciou que já tinha morado na minha rua.
Um mes depois, eu fui chamada para uma outra vaga, em geral. Comecei a trabalhar e passei a conviver com aquele jornalista que tinha muita história pra contar. O Hirao tinha mal de parkinson e a doença já dava sinais. Mas ele continuava firme, trabalhando, orientando, fazendo o que gostava. E tinha um texto maravilhoso!!!
No meio da turbulenta chefia da época, ele era o ponto da calmaria, do aconchego. Orientava sem gritos, com calma, conselhos sábios, que a menina de 24 anos gostava de ouvir e seguir. E ele ouvia com paciência a jovem foca animada com suas aventuras. "Hirao", eu gritava na redação...e ele sempre respondia com um sorriso.
Eu tive o prazer de ser escolhida por ele para dividir algumas reportagens. Uma delas sobre a talidomida, um medicamento usado anos atrás para combater enjoos em mulheres grávidas e que provocou problemas em alguns recém-nascidos. Ele escreveu o texto principal e eu fiquei encarregada do personagem. Encontrei um homem sem braços, vítima do remédio."Dividi uma página com o Hirao", pensava orgulhosa.
Quando fui chamada para ser editora no Notícias Populares fiz questão de contar ao Hirao. Lembro até hoje dele me dizendo..."mas o NP está acabando".  Hirao estava preocupado com meu futuro profissional. Eu respondi: "mas eu não aguento mais trabalhar 12 horas por dia". Essa era minha carga horária e eu já estava exausta. Ele entendeu minha angústia, sorriu e me desejou boa sorte. Não esperava nada diferente. Obrigada, Hirao, por dividir seu conhecimento comigo. Vai fazer falta para o bom jornalismo.

sábado, 11 de agosto de 2012

Oi, é o Zé Roberto...

Eu sempre gostei de esportes. Cheguei a participar dos campeonatos de vôlei organizados pelo governo entre as escolas estaduais. Essas disputas eram um sucesso. A gente torcia como se fosse seleção!!! O colégio onde eu estudava, o famoso "Daniel", tinha duas grandes quadras, uma delas coberta. E eu minha turma aproveitamos muito esse espaço.
Eu vivia no ginásio do Ibirapuera acompanhando as partidas de vôlei. Delirava com Xandó, Renan (o gato!!!!) Montanaro, Willian, Bernard e sua jornada nas estrelas....depois Mauricio (o gato 2!!!!), Carlão, Tande, Giovani, Marcelo Negrão. No basquete, amava ver o Oscar jogar. E vibrei quando a seleção foi campeã no Panamericano de 1987, em cima dos EUA. Eu gravei esta final em vhs. Há alguns anos entrevistei o Marcel, outro grande jogador de basquete, também medalha de ouro. Ele não tinha nada desta época. Providenciei uma cópia e mandei entregar. Quem diria...
Enfim, cresci com a vontade de ser repórter esportiva. O tempo passou, me formei e as oportunidades que apareceram foram em "geral". Peguei gosto por cobrir enchentes, trânsito, manifestações, greve e fui ficando.
Nas olimpíadas de Londres, vendo o José Roberto Guimarães ser campeão mais uma vez, me lembrei de um episódio. Eu estava no último ano de faculdade, em 1996, e escrevia para o caderno "Vestibular" do Diário do Grande ABC. Não me lembro da pauta, mas precisava entrevistar o Zé Roberto que na época comandava o time do Banespa. Passei uma manhã esperando na quadra e justo naquele dia, ele não apareceu. Deixei meu telefone com a secretária e expliquei a urgência.
No dia seguinte, na redação, telefone toca: oi Renata, é o Zé Roberto... com aquela voz serena, tranquila...
Eu, uma jovem estudante, quase caí dura do outro lado da linha. Confesso que deixei o telefone sem muita esperança de que ele retornasse. Pois é, me enganei...E a conversa foi ótima!! E no final, ele confidenciou:  "a minha secretária disse que seu eu não te ligasse, você poderia perder o emprego, fiquei preocupado...". Expliquei que não era bem assim, mas agradeci a ligação rápida.
A gente colhe o que planta, acredito muito nessa frase. Por isso o Zé Roberto faz tanto sucesso. Parabéns por mais uma conquista!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O guarda!

"O senhor tem autorização para gravar no meio da rua?", perguntou o guarda ao cinegrafista. Ele, achando aquela pergunta absurda, respondeu que não e mandou: pode gravar!
Estávamos numa rua do centro de São Paulo gravando uma passagem (quando o repórter aparece na reportagem). Eu parada, cinegrafista na frente com câmera no tripé. Auxiliar do lado. Nada além disso. Chega o guarda e faz a pergunta. Tentamos argumentar que a rua é pública, não precisamos de autorização. O guarda emendou: "ah, mas você não pode armar o tripé aqui no meio da rua sem autorização."
O cinegrafista ainda perguntou: "qual é a lei que proíbe?". O guarda não soube responder. Em seguida, ele pega o rádio e diz: "Central, eles não estão me obedecendo". 
Não acreditei no que estava acontecendo. Enfim, gravamos a passagem em meio a tudo isso e saímos. Pesquisei na internet e não encontrei nenhuma lei que proíba cinegrafistas de armarem tripé e câmera no meio da rua (não estávamos atrapalhando a passagem de ninguém). Empresas, hospitais, shoppings, lojas, eu entendo. Seguimos as regras. Se não pode, não pode. Mas na rua... tô passada!