quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

2013, o ano que perdi meu emprego

O primeiro semestre de 2013 foi intenso. Fui ate Santa Maria, no Rio Grande do Sul, cobrir o incêndio na boate.  Trabalhei muitas horas, fiquei triste com as histórias que ouvi, me emocionei....
Depois vieram os julgamentos. Foram vários, um seguido do outro, carandiru, mercia, Gil...Fui escalada para a cobertura e para as entradas ao vivo no jornal. Tem que estar atenta a tudo. Entrevistado aparece, todo mundo vai.... Estava com uma equipe ótima, demos conta do recado.
Em junho, estouraram as manifestações. Jovens foram para as ruas protestar contra a tarifa do transporte. Em duas delas, estava embaixo acompanhando de perto. Houve conflito, policiais jogaram bombas, deram tiros de balas de borracha. Jovens revidaram. Eu e o câmera lá no meio. E ainda entrei ao vivo, no meio do conflito, exclusiva com o comandante da operação. Ele estava lá do lado...não tive dúvida, segurei no braço e entrevistei.
O cop precisava subir e lá fui eu. Vários dias entrando ao vivo, de cima, nos plantões e no jornal. Cheguei a ficar uma hora ao vivo, relatando tudo que via lá do alto. Ótima parceria com a apresentadora.
Em julho, a triste surpresa. Sem muitas explicações, apenas por critérios sei lá quais, perdi o emprego. Agradeci, me despedi de todos, e segui meu caminho.
Estava exausta. Nesse período, descansei, refleti, pensei em desistir, fiquei na dúvida, e descobri outro mercado do jornalismo. Não fiquei parada, nem posso. Mas a paixão que tinha pela reportagem tava escondida...em algum lugar. Numa entrevista recente, essa paixão reacendeu. A resposta de um menino me tocou....
E desde então venho pensando nisso, na volta....
Em 2014, já decidi. Eu vou voltar.
Desejo a todos um feliz natal e um ótimo 2014. Obrigada por acompanhar as histórias do blog. Ano que vem tem mais!!! No blog e na tv....

Obs-a sonora do menino está no post "não sabia conta de dividir"

domingo, 8 de dezembro de 2013

Eu sei como dói não ter o que comer

Ela me recebeu sorrindo. Cheguei no supermercado por volta das 16h da tarde, era a quarta loja que visitava no fim de semana. Estava gravando para uma rede de supermercados que promoveu o dia da solidariedade. Os clientes eram incentivados a doar um quilo de alimento.
Assim que chegou, a equipe deu de cara com a simpática Joyce. Jovem na casa dos 20 anos, alegre, era atenciosa com os clientes, estava empenhada em fazer a campanha dar certo. Toda hora estava no caixa tentando convencer algum cliente a participar. Fez até maquiagem.... estava toda serelepe.
Diante deste cenário, decidi gravar com a Joyce. Mas no meio da entrevista, os olhos dela se encheram de lágrimas, ela não aguentou a emoção e desabou...
Eu havia acabado de perguntar porque ela estava tão motivada em participar da campanha. E lá veio a resposta que eu jamais imaginei... Joyce já tinha passado fome. Ela mora com os pais e os irmãos e durante muito tempo, a família viveu com dificuldades.
"Eu já passei fome. É muito difícil...Meus pais deitavam no corredor pra não verem que os filhos estavam comendo fubá com água. Era a única refeição do dia... eles sofriam muito."
Eu não interferi na entrevista. Mantive o microfone ali na frente, e deixei a jovem falar...
"Eu sei como dói não ter o que comer."
Minutos depois, passada a emoção, o sorriso voltou. E a jovem terminou a entrevista como parece levar a vida: com otimisto, sem medo, e cuidando do próximo. "Por isso que a gente tem que ajudar. Um quilo de alimento pode ser pouco, mas é muito para quem recebe."
É isso aí querida...

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Não sabia conta de dividir....

Hoje, depois de muito tempo, voltei a sentir o prazer da reportagem.... O prazer de ouvir histórias voltou... estava guardado em algum lugar dentro de mim. Achei!!!
Hoje eu ouvi a história do Lucas, um menino de 9 anos, morador da comunidade Heliópolis, na zona sul de São Paulo. Ele é um dos alunos do projeto brilhante do Sesi-sp "Na Trilha dos Saberes". É um programa que trabalha o complemento escolar. Os alunos, entre 6 e 14 anos, passam as tardes ou manhãs na sala de aula aprendendo, mas de forma lúdica. Aprendem português, matemática e outras disciplinas através de jogos. Stop, dominó, banco imobiliário e por aí  vai. Muito bacana.
Eu perguntei para o Lucas o que tinha mudado na vida dele... e ele respondeu."Na escola tinha dificuldade, tirava tres por aí, quando eu comecei a vir pra cá, a Van começou a me ajudar, comecei a melhorar"
A Van é o apelido carinhoso da professora. Entrevistando os alunos, todos se referiam a ela dessa forma carinhosa. "Eu gosto muito porque a Van  nos ajuda a fazer várias atividades que a gente não consegue aprender tanto na escola", disse a Emanuelly, de 10 anos.
Nas palavras dá pra perceber a gratidão desse alunos e como a atenção especial dada pela Van mudou a vida deles.
O programa resgata a autoestima, mostra pra essas crianças que elas podem aprender e mudar o futuro. Eu perguntei a Van sobre o resultado desse trabalho, iniciado em 2008. Ela diz que os alunos costumam comentar... "não sabia que sabia, que era fácil desse jeito."
Uma outra resposta do Lucas não saiu da minha cabeça.
"Eu tinha muita dificuldade. A Van chegou e me ajudou muito. Não sabia conta de dividir, a Van ajudou"
É...ouvir o que o outro tem a dizer pode mudar nossa maneira de ver o mundo.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Oi Afonso, eu era sua fã...

Na adolescência, eu era fã do Dominó, grupo de quatro meninos que fizeram muito sucesso nos anos 80. Comprava revistas, discos, gravava tudo quando eles passavam na tv
O meu "preferido" era o Afonso. Eu tinha até uma agenda cheia de fotos dele...rsrs. O pai do Afonso tinha uma locadora de vídeo _ pelo menos era o que falavam _ perto da minha casa. Na época, essas locadoras eram comuns, afinal não existia dvd... era videocassete.
O Afonso tinha um carro Gol, não lembro a cor. Eu vivia passando de mobilete perto da locadora pra ver se encontrava o carro estacionado por lá... só vi uma vez, mas estava dentro do ônibus. Passei em frente, fui para casa, corri com a mobilete, mas quando cheguei na locadora ele não estava mais lá...hahahaha, coisas de adolescente.
Enfim, o tempo passou...o Afonso saiu do grupo e eu deixei de ser fã do Dominó. A vida seguiu, ele foi fazer outras coisas e eu me formei em jornalismo.
Por coincidência, a esposa do Afonso é colega de faculdade de um amigo meu e virei "amiga" do Afonso no facebook. Já falei com ele por mensagem e até ganhei parabéns no aniversário!!! Não muito tempo atrás, estava eu cobrindo a SPFW, a semana de moda de SP. Estava correndo, precisava mandar o off (texto) pelo motoqueiro. Até que no meio dessa correria, lá nos corredores, dou de cara com o Afonso. Olhei, passei, pensei.... minha chance! E voltei kkkkk
Mesmo com pressa, não poderia deixar passar. E mandei:
Afonso, eu era muito sua fã, adorava o Dominó, meu sonho era te encontrar... agora preciso ir. Sou jornalista, to com pressa, tenho que entregar a matéria no jornal....
Ele, simpático, sorriu e agradeceu....

 



terça-feira, 10 de setembro de 2013

Você é o Schumacher...

Domingo recebi a triste notícia da morte do meu professor de televisão Fernando Vilar. 
Eu o conheci logo no primeiro ano de faculdade. Estava curiosa. Queria saber quem daria aula de televisão na faculdade de jornalismo. Afinal... tv sempre foi minha paixão!!!
Mas os dois primeiros anos de faculdade foram praticamente teoria. Só a partir do terceiro ano começou a prática. E lá fui eu finalmente fazer televisão.
O professor Fernando Vilar deu aula para a turma por dois anos, o terceiro e quarto. Era simpático, atencioso, sempre disposto a atender os estudantes.
A classe inteira sabia que televisão era minha paixão. O Fernando também, claro. Eu ia feliz para as aulas, amava segurar o microfone, gravar, fazer entrevistas (amo isso até hoje). Ele sempre me incentivou e deixava claro que gostava do meu trabalho. Passei com nota 10 em televisão nos dois anos.
No final do curso, havia uma premiação para os estudantes. E fui escolhida entre os professores - inclusive com voto do Fernando - como a melhor repórter da turma da noite. Terminei o curso com o troféu Talento Metodista. Guardo com carinho esse prêmio.
Alguns anos depois, já como repórter de televisão, voltei para visitar o Fernando na Metodista. Continuava com a mesma simpatia, e fiquei imensamente feliz em saber que ele lembrava de mim, afinal são tantos alunos! Fernando fez questão de contar aos alunos que eu tinha feito jornalismo na Metodista e que trabalhava em televisão. Ele acompanhava meu trabalho de longe. 
Certa vez, depois de uma gravação ainda na faculdade, mostrei para ele o resultado. Na época, o Schumacher ganhava todas na Formula 1, estava no auge. E ele me disse... "Renata, sabe o Schumacher?" Sei... "Então, você é o Schumacher", me disse sorrindo. Nunca mais esqueci...
Vai fazer falta, muita falta...

 

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A panela

Fazia tempo que queria escrever sobre isso... hoje decidi que era hora! Panela no jornalismo é aquela turma que é amiga, tá sempre junto. É comum também alguém da panela chamar o colega para o novo emprego. Até aí, tranquilo. Qualquer pessoa tem direito de trabalhar com quem confia e gosta. O problema é quando a panela é agressiva, fechada, prejudica os demais colegas, destrói todo um trabalho bem feito.
Pessoas que já estavam na empresa e faziam um trabalho excelente, davam resultados. Pessoas que davam duro, tinha espaço, talento e batalharam para estar ali... No meu caso, nada veio de graça. A carreira é minha, eu batalhei por ela!
Pois é, nada disso vale em determinadas panelas. A turma chega e vai eliminando todos, afinal é preciso abrir vagas para os amigos, sejam eles bons ou não.
Eu não faço parte de panelas. Tenho amigos com quem gosto de trabalhar. Mas nunca fiz parte de máfias. Sou contratada para trabalhar, não pra fazer jogo. 
O que vi nos últimos tempos foi um massacre. Desrespeito, ego, ganância. Triste demais. Me decepcionei, fiquei triste com a profissão, impressionada com certas cenas, com certas atitudes.
Ah, e ainda tem gente que tem a cara de pau de me adicionar nas redes sociais. Pra que? Não, obrigada!

domingo, 18 de agosto de 2013

As mãos tremiam de tanta felicidade

Esses dias fui para Guaratinguetá, no interior de São Paulo, e lembrei de uma história bem antiga... Foi na época da beatificação de Frei Galvão, que morava na cidade. Mas o fato não aconteceu lá.
Frei Galvão seria beatificado em Roma. Milhares de brasileiros estavam indo assistir 'a cerimônia no Vaticano. Minha missão era encontrar alguém que iria para Itália especialmente para isso.
A Angélica era pauteira e checou na Infraero quais vôos iriam para Roma naquele dia. Seria uma tentativa. Lá fui eu para o aeroporto de Guarulhos com a fotógrafa para tentar encontrar alguém. Eu confesso que adoro esses desafios. A fotógrafa não estava confiante. Me disse o caminho todo que encontrar alguém dessa forma seria impossível, que ela não iria ajudar e bla bla bla....
Quando chegamos no aeroporto, lá fui eu para a fila do check in da companhia. Afinal, ali seria mais provável para encontrar o tal personagem. A fotógrafa ficou sentada. Não liguei...
Segui para a fila e perguntei a todos _ umas 30 pessoas - que estavam ali, um por um, se iriam para Roma por causa de Frei Galvão. Não encontrei ninguém. Eu lembro da cara da fotógrafa até hoje.. olhava com sorriso no rosto, do tipo "não falei?"
Enquanto pensava onde mais procurar, fiquei olhando no horizonte para ver se vinha alguma idéia... eis que percebo um pequeno grupo de homens, vestidos de terno preto, caminhando pelo saguão. Ah... eles têm cara de padre, pensei...
Me aproximei, me identifiquei e perguntei... "os senhores vão assistir a cerimônia de Frei Galvão, no Vaticano?"
E veio a resposta que eu mais desejava naquele momento... "Vamos sim"
E a surpresa não terminava aí... enquanto entrevistava os padres, descobri que um deles não iria simplesmente prestigiar a beatificação de Frei Galvão... iria co-celebrar a missa com o papa João Paulo II.
Quando ouvi isso, quase caí pra trás...rsrsrsr. Minhas mãos até tremiam de tanta felicidade!!!!!!
Adoro essas emoções do jornalismo...rsrs. Não sabia se entrevistava ou ligava para a redação para contar primeiro....rsrsrs... Era tão menina...tava feliz!!! Fui até um orelhão _ não tinha celular _ e avisei a Angélica (que sempre torceu muito por mim) que tinha cumprido a tal missão. Ela vibrou do outro lado.
Ah, e a fotógrafa? teve que levantar da cadeira para fazer as fotos, meio incrédula com a minha sorte....rsrs
No jornalismo tem que acreditar até o final, só assim as coisas acontecem! Só assim que atraímos a sorte!



quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Eu não sei ler, moça

Sábado de manhã. Lá fui eu para mais uma reportagem. O foco da matéria era mostrar a angústia de dezenas de famílias que moram em uma comunidade na zona leste de São Paulo. Por causa de uma obra, elas terão de deixar o local. Só que curiosamente muitos pedreiros da construção moram na comunidade. Ou seja, quanto mais rápido trabalham, menor o tempo para terem onde morar.
Naquele dia haveria uma reunião entre eles para decidir que rumo tomar, afinal ninguém tinha pra onde ir. E o tempo estava passando...
Minha missão era encontrar o Jailton. O cinegrafista já conhecia o local, o que facilitou a busca. Perguntei para um, perguntei pra outro, até que conseguimos encontrar a esposa do Jailton. Simpática, me recebeu muito bem. Me disse que ele estava trabalhando na obra e só voltaria no fim do dia. Perguntei sobre celular, mas como a linha era nova, ela ainda não sabia o número...hum...
Até que os anjos entraram em ação...
Quando me despedia, o telefone dela toca... era o Jailton!!!!! Falei com ele, que topou gravar comigo. Fomos até a obra, que fica pertinho dali, minutos de carro. Depois de dar algumas voltas pela obra cheia de pedreiros, finalmente encontramos nosso personagem!!! Jailton deve ter uns 30 anos, fala muito bem e explicou a angústia das famílias. Valeu a pena a procura!!
Na comunidade, gravei a passagem (quando repórter aparece). Enquanto me preparava, alguns meninos, entre 8 e 9 anos de idade, estavam ali ao lado. Eu estava com o caderno de anotações na mão e brinquei: já que vocês estão me observando, quem segura isso pra mim?
O menino que pegou o caderno respondeu:
Eu não sei ler, moça.
Fiquei em silêncio por alguns segundos, pensando naquilo, e perguntei: que série você está?
Na quarta.
E não sabe ler?
Não muito...

terça-feira, 23 de julho de 2013

Cadê o pai?

Eu cheguei cedo na sede da Defensoria Pública de São Paulo, no centro da cidade, para gravar com as mães que sofrem com a falta de creche para os filhos pequenos. Não foi difícil achar personagens. O funcionário que nos atendeu, muito atencioso, perguntou se eu queria que anunciasse para encontrar as mães. Disse que não precisaria, afinal os personagens estavam ali na minha frente. Era só reparar nas mães com os filhos pequenos no colo...
Me aproximei, me identifiquei, entrevistei... a primeira mãe que abordei era jovem, tinha uns 25 anos, filho com menos de um ano. Tinha acabado de arrumar emprego, depois de um bom tempo desempregada, mas não tinha com quem deixar o pequeno. Não tinha vaga na creche do bairro e ela foi até a Defensoria pedir ajudar. Os advogados costumam entrar com ação na Justiça, mas isso não significa que a vaga será criada... o nome da mãe só passa na frente da fila de espera. Triste realidade para quem precisa trabalhar e não pode pagar uma escolinha para deixar o filho.
Como curiosidade perguntei: cadê o pai? ah... o pai sumiu, não sei onde ele está.
Segui para a próxima personagem.  Uma mulher boliviana, com um menino de colo. Ela também lutava por uma vaga e não conseguia. Sozinha em São Paulo, costuma pagar a uma vizinha para olhar o filho enquanto faz faxina. Mas esse dinheiro faz falta no fim do mês. De novo perguntei: cadê o pai? sumiu...
As histórias dessas mulheres são todas muito parecidas. Precisam trabalhar, não encontram vagas em creches, se viram para criar os filhos sozinhas.
Encontrei uma terceira personagem... e no final, repeti a pergunta: cadê o pai? nem preciso repetir a resposta....

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Eu sou uma mulher de parar o trânsito!!

As equipes de jornalismo vivem se arriscando no trânsito de São Paulo. Não que a gente goste...não é isso. Mas é que as vezes não há muito o que fazer. Na adrenalina para fazer a cobertura, lá vamos nós para o meio do tráfego.
Certa vez, fazia uma matéria sobre o trânsito na marginal Tietê. A idéia era mostrar que com a ampliação das pistas, o tráfego estava bem melhor. Pois é... o câmera teve a ideia e eu aceitei. Fui parar no meio da marginal Tietê!!! Sabe as faixas zebradas? Lá estava eu gravando... e os carros passando em volta. Senti  medo? ah... senti!!!! Mas a passagem ficou linda....rsrsr
Certa vez houve um acidente na rodovia Castello Branco, altura de Barueri. E lá fui e o cinegrafista para a aventura. O carro ficou parado no acostamento. Como o trânsito estava lento, não houve muitos problemas para atravessar e chegar até a última faixa. Chegamos no acidente, gravamos tudo, conversei com motoristas envolvidos. Quando fomos gravar com o policial responsável, levamos bronca. "É perigoso atravessar uma estrada assim. Quando tiverem que voltar, me avisem. Não vão enfrentar os carros"....
Era uma batida envolvendo um caminhão, ele havia tombado na pista e a remoção seria demorada. Por sorte, não houve feridos. Gravei um boletim e mandei para a tv.
Quando terminei, os carros já rodavam em alta velocidade. Xi... como vou atravessar agora? Lembrei do tenente e fui atrás dele.
Ele não teve dúvida. Soltou o apito forte e fez sinal para os carros pararem. Todos obedeceram...Castello Branco parada. Que chique!!! Eu não resisti... e atravessei a pista me divertindo com a situação, como se estivesse numa passarela e falando "....eu sou mesmo uma mulher de parar o trânsito. Obrigada tenente!" Ele caiu na risada...

domingo, 26 de maio de 2013

Vocês conhecem alguém que tá preso? Nós....

Vocês conhecem alguém que está preso? Algum parente, amigo? Nós somos presos, estamos cumprindo nesse presídio...
Ops...
O diálogo aconteceu em Guarulhos, nos presídios da via Dutra. Eu fui até lá para gravar passagem (quando a repórter aparece) para uma reportagem sobre saída temporária. O governo estadual tinha divulgado o número de presos que não voltaram depois da saída para o dia das mães.
Eu e o câmera estacionamos o carro na frente do presídio. Ao lado, estavam uns pedreiros de uma obra ao lado. Vestidos com a roupa da obra, macacão amarelo, capacete, luvas, como manda a lei.
Avisamos que o carro ficaria parado ali por pouco tempo, apenas para gravar a passagem. Seria rápido. Como estava ao lado do presídio, achei que aquelas pessoas poderiam conhecer alguém... Foi quando eles contaram que eram presos, que estavam no semi aberto, ou seja, saem de dia para trabalhar e dormem na cadeia. 
Como se fosse a conversa mais normal do mundo, engatei a pergunta: e vocês estão presos porque?
Assalto a mão armada, porte de arma...ah tá....Engatei de novo, vai que ali está meu personagem: e vocês já tiveram saída temporária? Não...
Subi a passarela, gravei a passagem. Lá de cima, reparei um rapaz (nada a ver com os presos) entrando no presídio e dando tchau a uma mulher. Pensei...pensei... e saí correndo. Avisei cinegrafista, ele é nosso personagem. Faz imagem daqui de cima. Saí correndo, alcancei a mulher que ia embora e ela me disse que ele estava em liberdade há poucos dias, que só estava lá para entregar um documento. 
Esperei o rapaz voltar e ele topou gravar entrevista comigo. Há menos de uma semana, aniversário dele, tinha tido o benefício da saída temporária. E agora estava em liberdade de vez.
Quem não arrisca não petisca!!!

sábado, 11 de maio de 2013

A fome dói...

Eu trabalhava em Mogi das Cruzes, quando fui pautada para fazer uma matéria sobre as pessoas que doavam alimentos para os moradores de rua. Gravei com uns jovens, que se reuniam toda sexta-feira para fazer sopa. Cozinhavam e iam para as ruas distribuir.
Gravei o preparo da sopa e depois segui com eles para mostrar a distribuição da janta. Nessa reportagem descobri que para muitos aquela era a única refeição do dia. Não tinham colocado nada na boca até então... e já passava das dez da noite.
Encontrei uma família com pai, mãe e duas crianças, todos deitados no chão gelado. Estavam procurando abrigo na garagem de um comércio, tentando se proteger do frio. Já era inverno. Estavam enrolados num cobertor e sobre um papelão. Nada além disso. As crianças dormiam, dormiram com fome naquela noite, já que não havia o que comer, me disse a mãe. O pai me contou que tinha perdido o emprego e como não conseguiu pagar o aluguel foram para a rua. Estavam naquela situação há uma semana.
Os jovens entregaram a sopa e partimos para mais uma esquina. Onde parávamos, vinha gente atrás do sagrado alimento.
Certa altura da noite, os jovens entregaram a sopa para um senhor, que já deveria ter mais de 50 anos. Cabelos e barba brancos, rosto marcado pelo sofrimento, olhos tristes, roupas maltrapilhas, dormindo num canto qualquer. Esperei ele comer e o entrevistei. Queria saber a opinião dele sobre o trabalho dos jovens. A resposta veio em tom de sofrimento e muita mágoa por viver daquela forma: "a fome dói, filha. A fome dói...."
Nunca mais esqueci essa frase...nem do rosto dele. E isso já faz 11 anos.

sábado, 4 de maio de 2013

A briga pelo entrevistado

"Olha, eu não tenho nada a ver com isso. Preciso terminar a reportagem porque tenho horário para fechar o texto." Essa foi a resposta que dei para duas assessoras que começaram a "discutir" na minha frente. Elas não brigaram, mas cada uma queria impor sua vontade. Explico.
Eu estava numa feira e precisava entrevistar um médico que trabalhava para um laboratório, mas daria palestra no evento. Quem "vendeu" a pauta foi a assessoria da feira. A assessora do laboratório estava acompanhando a entrevista e queria que o médico vestisse o jaleco profissional. Mas estávamos no estande de outra empresa e essa não autorizava o uso do tal jaleco ali. Pronto, confusão armada. A assessora do laboratório queria que eu  gravasse a entrevista numa sala fechada, só assim o médico poderia vestir o tal jaleco. Mas a assessora da feira não queria autorizar...Resumo: elas ficaram nessa "conversa" particular junto com o médico uns 10 minutos. Imagino a saia justa do entrevistado. Depois me contaram o que estava acontecendo...
Eu dei a resposta acima e deixei a história pra lá. Gravei ali mesmo no estande, afinal em tv precisamos de imagem e o tempo é precioso. O resultado ficou bem bacana. Não vou citar o evento para não expor as pessoas. Mas queria relatar a história, já que no blog escrevo sobre meus apuros nas reportagens.
É cada uma...

domingo, 14 de abril de 2013

"Vocês vão embora, mas meu filho continua na escola"

Quem me disse essa frase foi a mãe de um jovem de 15 anos vítima de um assalto na escola. Quatro homens em duas motos abordaram os estudantes na entrada de uma escola estadual na zona norte de São Paulo. Armados, queriam os tênis dos alunos. O filho dessa mãe voltou pra casa descalço. Os outros saíram correndo e foram baleados.
Ela me disse a frase depois que pedi pra dar entrevista. Não insisti. Ela tem toda razão. Os bandidos fugiram, ela não sabe quem são e se vão voltar...É o coração da mãe que queria sossego. Ela poderia me dar entrevista, falar sobre a falta de segurança, mas depois ficaria noites sem dormir preocupada com o filho.
Outros pais e um jovem aceitaram dar entrevista, fiz sem mostrar o rosto, claro.  Eu peço, mas se a pessoa tem receio é preciso respeitar. Porque a reportagem vai embora e a rotina das pessoas continua.
Para evitar "apuros" toda vez que gravo com alguém que pede para não aparecer, já peço para o entrevistado ficar de costas. Não arrisco. A consequência para a vida da pessoa pode ser grave. Já gravei muitas mulheres vítimas de violência doméstica. Elas ficam escondidas em abrigos que apenas a assistente social sabe o endereço. Imagina se um marido violento descobre onde ela está por causa de uma reportagem e vai atrás? Pior... mata.
Com a vida das pessoas não dá pra brincar.

quinta-feira, 21 de março de 2013

O vento poderia me trazer a cura da Aids

Certa vez fui gravar uma exposição de fotos no conjunto Nacional, na avenida Paulista. O diferencial eram as fotógrafas: mulheres portadoras do vírus HIV. A maioria tinha sido contaminada pelos maridos. Foi numa época em que o Ministério da Saúde chegou a chamar a atenção do aumento de mulheres contaminadas durante o casamento. Havia a traição, eles não usavam camisinha e acabavam contaminando as esposas.
Essas mulheres faziam parte de um grupo que se reunia com frequência numa entidade que dava apoio as pessoas portadores dos vírus, um trabalho bem bacana. 
Essas mulheres tinham a dor de descobrir a traição e a doença. As fotos eram simples, mas muito bonitas. Tinham muito significado. A proposta era fotografar algo que representasse a visão dessas mulheres sobre a Aids. 
As expositoras estavam lá. Elas me contavam o porque da idéia das fotos. O que era pra ser uma reportagem normal, ganhou outra proporção com o relato das artistas. Tem uma frase que ouvi que não esqueço até hoje. Foi com essa declaração que encerrei minha reportagem. Era uma foto de um quintal com um varal. No varal havia muitas roupas que balançavam por causa do vento. A expositora tinha acabado de estender as peças e sentou ali no quintal para descansar um pouco. Foi ali que ela teve a idéia de pegar a câmera e bater a foto. 
Perguntei o que aquela foto significava. A resposta emocionante que ouvi. "Eu tava ali sentada, vendo aquela roupa balançando no varal. Quando senti o vento, pensei:  o vento poderia me trazer a cura da Aids". 

sexta-feira, 8 de março de 2013

No dia da mulher, nada de flor. Igualdade!

Foi na Rede Mulher, emissora onde trabalhei por cinco anos, que aprendi o verdadeiro sentido do dia internacional da Mulher. Ao contrário do que muita gente pensa, o dia não é de parabéns, flores, homenagens. O dia é para lembrar que a sociedade ainda não vê a mulher no mesmo patamar dos homens. Piegas? Feminismo? Não é nada disso. É só uma visão mais clara de como as pessoas (homens e mulheres) enxergam o sexo feminino.
Quando entrei lá, confesso, não tinha essa visão. Nem lembro direito o que pensava, mas não dava bola para o assunto. Mas ao longo do tempo, fui fazendo reportagens em que aprendi que sim, a mulher ainda ganha menos que o homem em muitas empresas, mesmo exercendo o mesmo cargo.
Conheci também o lado da violência doméstica. Gravei inúmeras histórias de mulheres vítimas de agressão. Mulheres que não podiam mostrar o rosto, vivam escondidas porque se o homem descobrisse o paradeiro, elas morreriam. Eu vi de perto aquele medo do olho. Um olhar de tristeza por não conviver com os filhos, ficar longe da família e porque o príncipe encantado virou sapo. Algumas denunciam, outras não. Cada uma tem um motivo particular e que deve ser respeitado: dependência financeira, medo de que os filhos não convivam com os pais, ou simplesmente por achar que o "amor da vida delas", um dia, vai mudar. O mais importante é evitar a agressão e fazer valer a lei Maria da Penha.
Eu, como jornalista, sonho com o dia em que vou escrever uma matéria relatando que o dia da mulher não existe mais. Aí sim, tería a certeza de que a dura luta teria chegado ao fim. Finalmente, teríamos igualdade de gênero. É isso que queremos, nada mais. E sem piadas de troca de pneu. O seguro faz isso.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

"Eu nem sei o que vocês estão fazendo aqui"

"Eu nem sei o que vocês estão fazendo aqui", foi com essa frase "gentil" que eu e o cinegrafista fomos recebidos pelo dono de um sítio, no interior de São Paulo.
A idéia era fazer uma matéria sobre os prejuízos que as chuvas estão causando aos produtores. A pauta estava marcada, tudo certinho. Só que o dono do sítio não sabia e não gostou de saber que estávamos ali...Explico.
Nós tínhamos autorização para gravar ali, só que era do cunhado do dono do sítio. Ele também trabalha na colheita, é casado com a irmã do dono. Agricultura familiar. Só que ele só avisou que iríamos gravar quando viu a equipe lá no sítio. Resultado: o dono não gostou.
Quando chegamos no sítio, eu imaginei que ele fosse o proprietário. Me aproximei, mas ele nem aí... Manobrava o trator sem fazer nenhum sinal para nós. E olhava com cara feia. Já comecei a achar estranho. A hora que desceu, falei. "Bom dia, viemos fazer a reportagem". Ele respondeu... "Eu não dei autorização para nada, aqui vocês não vão gravar, nem sei o que vocês estão fazendo aqui".
Respondi, educadamente, sem reagir 'a grosseria: "se estamos aqui, alguém autorizou, mas deve haver algum mal entendido." Olhei para o cinegrafista com cara de "estamos numa saia justa."
Encontrei o cunhado do dono do sítio no meio da plantação e ele, todo sem graça, nos explicou o que tinha acontecido. "Ele disse que não quer gravação aqui, tá bravo. Já demos entrevista, não sei o que aconteceu". Não teve jeito, o dono do sítio saiu e nem deu bola pra reportagem...
Não gostei da atitude, achei deselegante, grosseria com quem não tinha nada a ver com aquela briga familiar. Mas sobrou pra gente...é cada uma que acontece!

domingo, 17 de fevereiro de 2013

O dia em que eu quase entrevistei meu ídolo...

Lembrei dessa história quando soube  há pouco que o jogador Oscar está entre os melhores jogadores de basquete do mundo, entrou para o hall da fama nos EUA. Nunca tive dúvida disso. Ele é sensacional.
Eu sempre gostei do Oscar. Não o achava bonito, nada disso. Admirava a garra dele em quadra, a alegria com que jogava, as cestas de três pontos. Perdi a conta de quantas vezes o vi jogar. Vivia no ginásio do Ibirapuera. E ele sempre foi muito bacana com o público.
Oscar jogou durante muitos anos na Espanha e quando voltou ao Brasil, jogou pelo Corinthians. E lá estava eu no ginásio do Ibirapuera participando dessa festa...
Mas quero contar outra história.
Certa vez, em Mogi das Cruzes, fui escalada para cobrir o jogo entre o time paulista e um time local. Oba, era a chance que tinha de entrevistar meu ídolo.
Assisti a partida em local privilegiado, bem pertinho da quadra. Torcia para meu ídolo...
Mas a partida terminou e infelizmente, o Corinthians perdeu. Oscar, já sabia disso, ficava extremamente irritado com as derrotas.
Eu tentei chegar perto, em vão. Só vi meu ídolo indo embora sem dar entrevistas... Que pena!
A cena seria, no mínimo, curiosa.... Eu tenho 1,53 de altura e o Oscar 2,05...

O Oscar me mandou email dizendo que leu blog e me agradeceu!! uhuuuu

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Sequestrada no carnaval

No carnaval de 2010 eu fui até São Luiz do Paraitinga, no interior de São Paulo, para cobrir o carnaval da cidade. É um carnaval gostoso, com marchinhas. As ruas ficam lotadas de jovens que aparecem por lá para curtir a festa. Os carros passam tocando as músicas e a turma vai atrás dançando.
Não foi fácil....rs. Pra começar, eu e a equipe levamos um banho de cerveja. Sim, a moçada passou animada e jogou cerveja em cima da gente. Não adianta discutir... tá todo mundo em outro clima. Deixamos pra lá. Continuamos o trabalho cheirando cerveja. E demos risada do que aconteceu.
Certa hora, matéria já pronta. Quase indo embora. Faltava gravar passagem. Passagem é quando o repórter aparece. Estava eu lá inocentemente gravando minha passagem quando um rapaz com quase dois metros de altura, passa, me agarra e sai correndo...e me leva junto no colo!!! Gargalhada geral de quem viu a cena. Eu levei um susto e fiquei quieta até que ele desistisse de me "sequestrar". O mais engraçado foi o cinegrafista que não percebeu o que tinha acontecido. A câmera estava no tripé, ele gravando e de repente, eu sumi da imagem. "Cadê a Renatinha?", ele perguntou. O auxiliar respondeu... "tá lá no colo do rapaz...."
Na volta, o editor chefe ficou sabendo do ocorrido e resolveu mostrar no jornal o meu "sequestro". Foi engraçado. Era carnaval, nada de estresse!
Ainda bem que era gravado, já imaginou no "ao vivo"? rsrssrs

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Desistir ou não do jornalismo?

Calma, não estou pensando em largar o jornalismo. Adoro a profissão. Mas que 'as vezes dá um desânimo ah, isso dá. Como em qualquer profissão tem gente chata e mau caráter. Aí é preciso ter ouvido seletivo, deixar pra lá e seguir adiante. Jogar para o universo, deixar que o destino cuide dessa gente. E ele cuida.
E depois, dar boas risadas disso tudo. Quem apronta e ofende quase nunca sabe que vira motivo de piada nas rodas de bares.
Toquei no assunto porque no fim de semana encontrei amigas, algumas jovens jornalistas. E elas me disseram que muitos colegas de faculdade delas estão desistindo da carreira. É... não é fácil começar, mas também não é impossível. Eu comecei, enfrentei os desafios e completei 18 anos na área. Não foi fácil, mas to aqui. Como disse um amigo certa vez: "não desista dos sonhos por causa dos outros". Ah não desisto mesmo!!!!!!
É comum a crise da profissão por volta dos 30 anos, principalmente de quem é repórter. Eu passei por ela imune, ufa! Mas alguns colegas que eram repórteres cansaram do dia a dia da rua e foram para outras áreas. Alguns viraram produtores, outros assessores de imprensa, e alguns simplesmente nem querem saber mais da profissão. São opções. Cada um tem o direito de procurar a felicidade e o bem estar.
A minha ainda está no jornalismo. Mas eu não sou radical. Se não estiver sentindo  mais prazer naquilo que estou fazendo vou mudar sem olhar pra trás. É vida que segue...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Eu cheguei aos 18 anos!

Na colação e no baile com meu padrinho

São 18 anos de carreira! Passou tão rápido... Eu comecei a trabalhar na área no terceiro ano de faculdade. Passei rapidamente por uma assessoria de imprensa e logo em seguida fui para o Diário do Grande ABC. No quarto ano da faculdade, era repórter do caderno de vestibular. Sim, já ganhava como repórter e tinha registro em carteira, já que estágio não era regulamentado. Eu sempre quis tv. Nunca tive dúvida disso, mas seguindo o conselho de uma amiga, aproveitava as oportunidades que me apareciam.
E parece que foi ontem que eu me formei. Eu recebi o canudo no Palácio das Convenções do Anhembi. Ah, eu achava esse nome tão lindo, queria muito que a colação fosse lá. O patrono da formatura foi o jornalista Caco Barcellos. Quando ele me entregou o diploma, falei: eu também vou trabalhar em tv.
Batalhei muito e consegui! Este mês completo 18 anos de carreira, 12 em televisão. Sou muita grata ao universo por fazer o que sempre sonhei. Quando criança não tinha dúvida em responder `aquela tradicional pergunta: o que você vai ser quando crescer? Repórter, dizia.
Aos 18 anos, me sinto mais tranquila para apurar os fatos, mais certa do que escrevo e principalmente, tenho mais paciência para ouvir o que os mais experientes têm pra me falar. É...porque no jornalismo a gente está sempre aprendendo.
Eu gosto muito da reportagem. Gosto de entrevistar as pessoas, ouvir as histórias que elas têm para contar, descobrir personagens na rua, encontrar o que não está programado, de xeretar. Gosto também das entradas ao vivo, sinto um prazer imensurável com o microfone na mão. Gravar passagem (quando o repórter aparece)  me faz um bem danado. É porque gosto do que faço, simples assim.
Outro dia ouvi a Fatima Bernardes falar que uma pessoa de sucesso também é aquela que faz o que gosta. Então, eu sou uma mulher de sucesso!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

É tudo igual, mas tudo diferente

É, não adianta reclamar. Todo ano é a mesma coisa. A notícia é a mesma, ou quase a mesma. Se não gostar disso, muda de vida, porque no jornalismo é assim.
No ano novo, destacam-se os enormes engarrafamentos para o litoral, as festas na Paulista, em São Paulo, em Copacabana, no Rio de Janeiro, e os seus famosos jogos de artifício. Depois da virada, começam as chuvas de verão. As enchentes e suas tragédias se repetem ano a ano. O que muda é a intensidade. Mas pode preparar a galocha e a capa.
Seja em fevereiro ou março, o carnaval chega. E lá vem as reportagens sobre aprender a sambar, as agremiações, as fantasias mais vendidas....
Passou o carnaval, os olhos se viram para o dia das Mães, a segunda data mais importante para o comércio. Preparamos matérias especiais sobre as mães e o movimento nas vendas. Junho é a vez das festas juninas: receita de doces são comuns...
Julho, férias escolares. Agosto, dia dos pais. Setembro, independência do Brasil. Outubro, dia das crianças e de Nossa Senhora. Novembro, visita aos cemitérios. Dezembro, compras de natal e festas de fim de ano.
Janeiro, começa tudo de novo..
É tudo igual, mas tudo diferente. Em 1998 eu fiz a primeira campanha de vacina contra gripe para idosos. Na época, a campanha era o foco das reportagens. No ano seguinte, a novidade era mostrar que os idosos estavam morrendo menos de pneunomia por causa dessa vacina. No outro ano, eu mostrei que os idosos não estavam aderindo a campanha porque achavam que a vacina provocava gripe. Viu? O assunto é o mesmo, mas sempre há uma saída...
Só procurar.