domingo, 14 de abril de 2013

"Vocês vão embora, mas meu filho continua na escola"

Quem me disse essa frase foi a mãe de um jovem de 15 anos vítima de um assalto na escola. Quatro homens em duas motos abordaram os estudantes na entrada de uma escola estadual na zona norte de São Paulo. Armados, queriam os tênis dos alunos. O filho dessa mãe voltou pra casa descalço. Os outros saíram correndo e foram baleados.
Ela me disse a frase depois que pedi pra dar entrevista. Não insisti. Ela tem toda razão. Os bandidos fugiram, ela não sabe quem são e se vão voltar...É o coração da mãe que queria sossego. Ela poderia me dar entrevista, falar sobre a falta de segurança, mas depois ficaria noites sem dormir preocupada com o filho.
Outros pais e um jovem aceitaram dar entrevista, fiz sem mostrar o rosto, claro.  Eu peço, mas se a pessoa tem receio é preciso respeitar. Porque a reportagem vai embora e a rotina das pessoas continua.
Para evitar "apuros" toda vez que gravo com alguém que pede para não aparecer, já peço para o entrevistado ficar de costas. Não arrisco. A consequência para a vida da pessoa pode ser grave. Já gravei muitas mulheres vítimas de violência doméstica. Elas ficam escondidas em abrigos que apenas a assistente social sabe o endereço. Imagina se um marido violento descobre onde ela está por causa de uma reportagem e vai atrás? Pior... mata.
Com a vida das pessoas não dá pra brincar.