domingo, 18 de agosto de 2013

As mãos tremiam de tanta felicidade

Esses dias fui para Guaratinguetá, no interior de São Paulo, e lembrei de uma história bem antiga... Foi na época da beatificação de Frei Galvão, que morava na cidade. Mas o fato não aconteceu lá.
Frei Galvão seria beatificado em Roma. Milhares de brasileiros estavam indo assistir 'a cerimônia no Vaticano. Minha missão era encontrar alguém que iria para Itália especialmente para isso.
A Angélica era pauteira e checou na Infraero quais vôos iriam para Roma naquele dia. Seria uma tentativa. Lá fui eu para o aeroporto de Guarulhos com a fotógrafa para tentar encontrar alguém. Eu confesso que adoro esses desafios. A fotógrafa não estava confiante. Me disse o caminho todo que encontrar alguém dessa forma seria impossível, que ela não iria ajudar e bla bla bla....
Quando chegamos no aeroporto, lá fui eu para a fila do check in da companhia. Afinal, ali seria mais provável para encontrar o tal personagem. A fotógrafa ficou sentada. Não liguei...
Segui para a fila e perguntei a todos _ umas 30 pessoas - que estavam ali, um por um, se iriam para Roma por causa de Frei Galvão. Não encontrei ninguém. Eu lembro da cara da fotógrafa até hoje.. olhava com sorriso no rosto, do tipo "não falei?"
Enquanto pensava onde mais procurar, fiquei olhando no horizonte para ver se vinha alguma idéia... eis que percebo um pequeno grupo de homens, vestidos de terno preto, caminhando pelo saguão. Ah... eles têm cara de padre, pensei...
Me aproximei, me identifiquei e perguntei... "os senhores vão assistir a cerimônia de Frei Galvão, no Vaticano?"
E veio a resposta que eu mais desejava naquele momento... "Vamos sim"
E a surpresa não terminava aí... enquanto entrevistava os padres, descobri que um deles não iria simplesmente prestigiar a beatificação de Frei Galvão... iria co-celebrar a missa com o papa João Paulo II.
Quando ouvi isso, quase caí pra trás...rsrsrsr. Minhas mãos até tremiam de tanta felicidade!!!!!!
Adoro essas emoções do jornalismo...rsrs. Não sabia se entrevistava ou ligava para a redação para contar primeiro....rsrsrs... Era tão menina...tava feliz!!! Fui até um orelhão _ não tinha celular _ e avisei a Angélica (que sempre torceu muito por mim) que tinha cumprido a tal missão. Ela vibrou do outro lado.
Ah, e a fotógrafa? teve que levantar da cadeira para fazer as fotos, meio incrédula com a minha sorte....rsrs
No jornalismo tem que acreditar até o final, só assim as coisas acontecem! Só assim que atraímos a sorte!



quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Eu não sei ler, moça

Sábado de manhã. Lá fui eu para mais uma reportagem. O foco da matéria era mostrar a angústia de dezenas de famílias que moram em uma comunidade na zona leste de São Paulo. Por causa de uma obra, elas terão de deixar o local. Só que curiosamente muitos pedreiros da construção moram na comunidade. Ou seja, quanto mais rápido trabalham, menor o tempo para terem onde morar.
Naquele dia haveria uma reunião entre eles para decidir que rumo tomar, afinal ninguém tinha pra onde ir. E o tempo estava passando...
Minha missão era encontrar o Jailton. O cinegrafista já conhecia o local, o que facilitou a busca. Perguntei para um, perguntei pra outro, até que conseguimos encontrar a esposa do Jailton. Simpática, me recebeu muito bem. Me disse que ele estava trabalhando na obra e só voltaria no fim do dia. Perguntei sobre celular, mas como a linha era nova, ela ainda não sabia o número...hum...
Até que os anjos entraram em ação...
Quando me despedia, o telefone dela toca... era o Jailton!!!!! Falei com ele, que topou gravar comigo. Fomos até a obra, que fica pertinho dali, minutos de carro. Depois de dar algumas voltas pela obra cheia de pedreiros, finalmente encontramos nosso personagem!!! Jailton deve ter uns 30 anos, fala muito bem e explicou a angústia das famílias. Valeu a pena a procura!!
Na comunidade, gravei a passagem (quando repórter aparece). Enquanto me preparava, alguns meninos, entre 8 e 9 anos de idade, estavam ali ao lado. Eu estava com o caderno de anotações na mão e brinquei: já que vocês estão me observando, quem segura isso pra mim?
O menino que pegou o caderno respondeu:
Eu não sei ler, moça.
Fiquei em silêncio por alguns segundos, pensando naquilo, e perguntei: que série você está?
Na quarta.
E não sabe ler?
Não muito...