terça-feira, 23 de julho de 2013

Cadê o pai?

Eu cheguei cedo na sede da Defensoria Pública de São Paulo, no centro da cidade, para gravar com as mães que sofrem com a falta de creche para os filhos pequenos. Não foi difícil achar personagens. O funcionário que nos atendeu, muito atencioso, perguntou se eu queria que anunciasse para encontrar as mães. Disse que não precisaria, afinal os personagens estavam ali na minha frente. Era só reparar nas mães com os filhos pequenos no colo...
Me aproximei, me identifiquei, entrevistei... a primeira mãe que abordei era jovem, tinha uns 25 anos, filho com menos de um ano. Tinha acabado de arrumar emprego, depois de um bom tempo desempregada, mas não tinha com quem deixar o pequeno. Não tinha vaga na creche do bairro e ela foi até a Defensoria pedir ajudar. Os advogados costumam entrar com ação na Justiça, mas isso não significa que a vaga será criada... o nome da mãe só passa na frente da fila de espera. Triste realidade para quem precisa trabalhar e não pode pagar uma escolinha para deixar o filho.
Como curiosidade perguntei: cadê o pai? ah... o pai sumiu, não sei onde ele está.
Segui para a próxima personagem.  Uma mulher boliviana, com um menino de colo. Ela também lutava por uma vaga e não conseguia. Sozinha em São Paulo, costuma pagar a uma vizinha para olhar o filho enquanto faz faxina. Mas esse dinheiro faz falta no fim do mês. De novo perguntei: cadê o pai? sumiu...
As histórias dessas mulheres são todas muito parecidas. Precisam trabalhar, não encontram vagas em creches, se viram para criar os filhos sozinhas.
Encontrei uma terceira personagem... e no final, repeti a pergunta: cadê o pai? nem preciso repetir a resposta....