segunda-feira, 10 de março de 2014

Ela me deu uma piscadinha e eu me senti cidadã

Eu fui até Governador Valadares, em Minas Gerais, para conhecer a Adenise. Minha missão era pesquisar sobre a vida dela, descobrir os sonhos, as dificuldades, conhecer a família. Tudo isso seria colocado em um relatório para a agência de publicidade analisar e definir o personagem para o próximo comercial de um banco. Nessa série, o banco faz homenagem aos gerentes. Então, algum cliente tem que dizer porque esse funcionário foi tão importante pra ele.
Adenise me contou que durante muito tempo tentou um empréstimo para casa própria em outro banco. Não conseguiu. Tinha desistido. Até que na fila do Banco do Brasil viu um anúncio do "minha casa, minha vida". "Hum... não sabia que aqui também tinha", pensou. Foi atrás e conseguiu todas as informações.
Passei uma tarde na casa dela, com bom papo, muitas risadas e bolinho de chuva feito especialmente pra mim!!!
Fiz fotos da casa, dos móveis, da família, e depois, gravei a entrevista. Fui questionando vários pontos que precisava pra minha pesquisa, queria descobrir porque a história dela poderia valer um comercial.
No meio da conversa, perguntei como tinha sido o tratamento dado pela gerente. "Foi muito bom, ela me tratou como gente, não se importou com a roupa que eu estava usando." E quando você teve a certeza que conseguiria o empréstimo? "Quando ela olhou pra mim, deu uma piscadinha e disse que ia dar tudo certo."
Quando ela disse isso, vi seus olhos brilhando. Percebi que aquela piscadinha tinha sido importante pra autoestima da Adenise. E insisti na história....o foco estava ali!!!!
Tive a certeza que a gerente nem imaginava que um ato corriqueiro, uma simples piscadinha, iria mudar o destino de uma família, que há tempos tentava comprar a casa própria. Foi nesse gesto que Adenise ganhou força pra continuar atrás do sonho. Se a gerente soubesse disso, iria se emocionar, pensei.
Eu perguntei...."Porque essa piscadinha foi tão importante pra você?"
"Eu me senti uma cidadã!"
Adenise conseguiu o empréstimo e o comercial!

ah... eu eu descobri que a repórter aqui também é pesquisadora! Que bom que o jornalismo tem várias possibilidades, basta saber enxergar. Quem me ensinou isso foi a querida amiga Shirlei Soares. 


 http://www.youtube.com/watch?v=0xKPmcGXYTI&list=PLF6D0D0B2BEEEF7B6