quinta-feira, 23 de abril de 2015

O morto que não estava morto....

A cobertura era um assalto a um ônibus num bairro da zona oeste de São Paulo. Todos os dias era eu quem subia no helicóptero da emissora para passar as informações do alto. Falava de trânsito, tempo, manifestações, comemorações, acidentes e crimes como neste dia.
Lá de cima, eu falava no microfone o que o olho enxergava. Algumas informações vinham da produção. O que tínhamos era pouco: bandidos invadiram um ônibus em determinado ponto final da viação. Não tínhamos informações de feridos e nem sobre quantos homens e vitimas estaríam dentro do coletivo. A polícia tentava retirar as pessoas de lá.
Ao lado do coletivo, no ponto de ônibus, um homem deitado no chão. Não sabia se estava ferido, morto, Apenas narrava o que via. Um homem deitado no chão durante toda a ação da polícia. Lembro até hoje que ele estava de calça jeans e blusa azul claro. 
De baixo, a produção me informava que outras emissoras também citavam o homem deitado, sem saber o que havia acontecido com ele.
Enfim, o assalto terminou, ninguém ferido, bandidos presos. Lá de cima, olho pra baixo e vejo que o homem não está mais deitado no chão. "Cadê o homem", perguntávamos no helicóptero. Do switcher, a mesma pergunta. "Gente, cadê o corpo? O corpo sumiu", diziam.  
O que aconteceu... 
Depois, descobrimos.... o homem com medo, acho melhor fingir que estava morto. Ficou deitado ali com olhos fechados e sem se mexer durante todo o tempo!
Quando tudo terminou e ele achou seguro, levantou e saiu andando tranquilamente...