quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Eu sou do agro!

 

Outro dia apareceu no Instagram aquele desafio de postar uma foto e dizer que representava fazer parte do agronegócio. Aí lembrei um pouco do início da minha trajetória no setor. Já fazia algum tempo que vinha tentando em trabalhar nas tvs do agronegócio. Fiz algumas entrevistas, e sempre me perguntavam se eu já havia feito reportagens sobre agronegócio. Respondia que sim, mas nada tão específico como se faz em mídias do setor. 

Até finalmente encontrei um profissional - gerente da tv na época - que me contratou pelo meu curriculo, pela experiência que tinha. Ele me disse isso depois. Eu não o conhecia. Mandei meu currículo por email, disse que está procurando vaga na reportagem. Ele respondeu que tinha uma vaga para cobrir licença maternidade e me chamou para entrevista. Dias depois, me chamou para a vaga. 

Seis meses depois, terminou a licença, a pessoa voltou, mas abriu uma outra vaga e eu fui contratada. Com o tempo, me adaptei a linguagem, aos assuntos e passei a conhecer melhor os pesquisadores, entrevistados, líderes de setor e produtores rurais. As matérias foram fluindo mais. Mas no início ouvia muito a pergunta, em especial de alguns colegas, vc é do agro? Não sou do agro, mas sei perguntar....A pergunta, confesso, me irritava um pouco.

As questões técnicas vão ser respondidas pelos zootecnistas, engenheiros agrônomos, produtores, pesquisadores etc. São eles os especialistas. É o que basta. Claro, que sempre pesquisei muito sobre o assunto que iria gravar. Até hoje faço roteiro para entrevistas ao vivo pq considero importante ter uma sequência clara de raciocínio. Se o entrevistado fala algo interessante, complemento o que já questionei. Mas continuo achando que não precisa ser tudo tão radical. Mesmo porque os colegas (e eu) continuam não sendo especialistas do agro, afinal, fizemos jornalismo. O importante é adaptar o olhar para o público do canal, mas isso se faz em qualquer segmento. Quando trabalhei num canal especializado no público feminino, lá escrevia com esse olhar. Simples.

Mas encerro este texto como na postagem do Instagram. Depois de dois anos e meio, agora posso dizer... Eu sou do Agro!

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Mais respeito, por favor!

Fazia tempo que queria voltar a escrever no blog... mas o tempo vai passando, passando. Mas resolvi escrever hoje depois que uma querida colega jornalista me contou que dois homens denunciados por ela em uma reportagem sobre fraudes estavam se comportando. Em depoimento à polícia, eles tentaram desqualificar o trabalho dela, alegando que ela era bonita e por isso a ajudaram. Enfim, isso me fez lembrar uma cobertura que fiz há uns cinco anos de uma competição de estudantes do ensino técnico.
Eram duas equipes. Eu como repórter em uma equipe. E um rapaz na outra. Nosso trabalho era fazer reportagens de um minuto. A competição tinha várias modalidades. Cada uma funcionava num espaço delimitado. Só professores, juízes, orientadores e competidores podiam ficar ali. Para entrevistá-los era preciso chamar o coordenador e combinar o horário exato para entrevista. E para falar com os competidores, somente nos intervalos, de café ou ida ao banheiro. Quando chegava no local, chamava o coordenador, explicava o meu trabalho. Todos me deram entrevista. Foram 24 reportagens de um minuto em quatro ou cinco dias de competição.
Em um desses dias, voltamos para a nossa base ali na competição, e o outro repórter disse... "Tá difícil falar com os competidores. Ninguém quer dar entrevista". Respondi: "eu tenho conseguido. Em todas as modalidades consegui alguém pra falar".
Pra minha surpresa e decepção, claro, o dono da produtora vira e fala. "É mulher, né. Os caras falam". Não acreditei no que ouvi e isso martela até hoje na minha cabeça. O meu talento e a minha forma correta de abordar os entrevistados não contam? Que absurdo.