quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A médica sumida apareceu....

Um cinegrafista me mandou uma mensagem esta semana. "Re, lembrei de você naquele dia no hospital, lembra? Você fez a médica aparecer em cinco minutos...", riu em seguida.
A reportagem era sobre um boneco usado pelos médicos de um hospital infantil público para explicar `as crianças internadas o que iria acontecer com elas. Os bonecos ficavam como soro no braço, ou com outros aparelhos. Assim, os pequenos não ficavam tão assustados quando voltavam da sala de cirurgia ou precisavam de soro durante a internação.
Tudo transcorria bem. Conversei com os pais, com as crianças, o médico que criou o boneco... mas e o pediatra? Queria saber da importância disso para a cabeça das crianças, e um pediatra seria o ideal para falar sobre isso. O hospital tinha duas pediatras. Mas a pediatra da tarde não estava ali naquele momento....
Aí questionei da assessora.
- Quantas pediatras têm aqui no hospital, na coordenadoria?
- Duas, respondeu assessora.
- Uma para manhã, outra pra tarde?
- Isso...respondeu a assessora já meio sem graça.
- E onde está a da tarde? Quero falar com ela.
- Vou ver onde ela está....
Eu não sei se a pediatra estava no hospital ou tinha dado uma escapada. Acredito muito nessa segunda hipótese, porque se estivesse em alguma emergência certeza que a assessora teria falado rapidamente. Quarenta e cinco minutos depois ela apareceu toda ofegante. E me deu a entrevista, que complementou o vt. No carro, o Alexandre disse... "ahahhaha, Renatinha causando no hospital. A médica apareceu num passe de mágica", disse rindo muito.
E vale uma observação do que vi ali. Enquanto esperávamos pela médica, o Alexandre alegrou o dia de um menino de 10 anos. O pequeno estava internado ali e passava os dias quase que sozinho. A familia não tinha dinheiro para visitá-lo todos os dias. Que triste...
Alexandre não teve dúvida. Ficou jogando bolo com o menino no corredor do hospital. A criança estava tão feliz que dava gosto de ver.
Não tive pressa em voltar pra tv e nem esquentei por esperar tanto tempo pela médica. Nada é por acaso...

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Sabe o que é audiodescrição? Leia. Vai descobrir e chorar!

A gente até sabe o que é audiodescrição - transformar o visual em palavras. Mas nessa reportagem o que interessava não era o significado e sim a emoção que um simples recurso de acessibilidade provoca na vida de quem não enxerga.
A pauta era mostrar que o Sesi SP promove a inclusão no teatro. No plateia parte do público não enxergava, mas poderia acompanhar o que acontecia no palco com ajuda da audiodescrição. A querida Livia Motta traduzia tudo o que acontecia no musical, cor de cenário, movimentos dos personagens, expressões do rosto, os figurinos. Os cegos ouviam tudo por um fone de ouvido, aparelho igual ao de traduções simultâneas.
Eu nunca tinha acompanhado uma peça com audiodescrição. Curiosa, coloquei o fone de ouvido e fechei os olhos. Perfeito. Com o que ouvia, conseguia imaginar as cenas.
Depois, voltei minha atenção para os cegos que acompanhavam a peça. Fiz questão de sentar perto deles. E fiquei admirada com o que vi.
Eles prestavam atenção nos diálogos, riam com as piadas, admiravam as canções e se emocionavam. Viva a acessibilidade!
Na saída, corri para entrevistá-los e para minha surpresa, muitos sairam chorando. Seu Dalmir, um senhor de 70 anos, cego por causa de diabetes, estava emocionado. Era a primeira vez que conseguia entender um musical.
Quero ser audiodescritora!!

Se quiser ver a reportagem, segue o link.
https://www.youtube.com/watch?v=65HecKTIIvs

domingo, 19 de julho de 2015

A bunda da menina atrapalhou minha passagem!

Lembrei desta história esses dias, quando passeava pelo Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Comecei a rir sozinha... Explico.
Eu e o câmera estávamos fazendo uma reportagem sobre natureza, algo assim. Não lembro exatamente o tema. Lembro que tínhamos que ter pessoas e natureza ao mesmo tempo na passagem (quando o repórter aparece).
A ideia surgiu na rua, não havia nada marcado pela pauta. Seria para fazer uma passagem diferente, fora da convencional avenida Paulista. Sim, muitos repórteres (eu, inclusive) adoram gravar passagem na avenida Paulista. É bonita, tem movimento, pessoas, prédios, carros...
Enfim, voltando ao parque. Eu e o Alexandre resolvemos dar um pulinho até lá. Só que para gravar no parque é preciso autorização. A produtora estava ligando para pedir.
Enquanto esperávamos, entramos no parque e encontramos alguns jovens sentados perto do lago, Era o que a gente precisava... Como não havia guarda em volta, resolvemos adiantar o serviço e gravamos rápido a passagem. Acho que levei menos de dois minutos para gravar a passagem, tudo para evitar que o guarda nos abordasse. Aí o câmera grita: Re, vai logo, ele tá vindo. Olhei par tras e vi o guarda apressado lá no fundo...
Engatei o texto e gravei. Terminei e falei, vamos embora. O guarda chegou e dissemos, a gente tá indo embora já, tem autorização seu guarda...
Saímos correndo, aliviados. Ufa, deu certo.
Ao chegar no carro, o Alexandre foi checar as imagens... e começou a gargalhar, ficar vermelho. Nem conseguia falar direito o que tinha acontecido. Não parava de rir. "Re, você não vai acreditar"...e ria ria... eu eu lá querendo saber o que tinha acontecido. Aí ele disse, "Re, presta atenção nos jovens. Olha o cofrinho da menina aparecendo..." A moça estava sentada com aquelas calças de cintura baixa...
A gente gravou com tanta pressa que nem percebeu esse "detalhe". Rimos da situação, fazer o quê.
A saída foi gravar a passagem do lado de fora do parque mesmo...Perdemos a passagem, mas demos boas risadas.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

O morto que não estava morto....

A cobertura era um assalto a um ônibus num bairro da zona oeste de São Paulo. Todos os dias era eu quem subia no helicóptero da emissora para passar as informações do alto. Falava de trânsito, tempo, manifestações, comemorações, acidentes e crimes como neste dia.
Lá de cima, eu falava no microfone o que o olho enxergava. Algumas informações vinham da produção. O que tínhamos era pouco: bandidos invadiram um ônibus em determinado ponto final da viação. Não tínhamos informações de feridos e nem sobre quantos homens e vitimas estaríam dentro do coletivo. A polícia tentava retirar as pessoas de lá.
Ao lado do coletivo, no ponto de ônibus, um homem deitado no chão. Não sabia se estava ferido, morto, Apenas narrava o que via. Um homem deitado no chão durante toda a ação da polícia. Lembro até hoje que ele estava de calça jeans e blusa azul claro. 
De baixo, a produção me informava que outras emissoras também citavam o homem deitado, sem saber o que havia acontecido com ele.
Enfim, o assalto terminou, ninguém ferido, bandidos presos. Lá de cima, olho pra baixo e vejo que o homem não está mais deitado no chão. "Cadê o homem", perguntávamos no helicóptero. Do switcher, a mesma pergunta. "Gente, cadê o corpo? O corpo sumiu", diziam.  
O que aconteceu... 
Depois, descobrimos.... o homem com medo, acho melhor fingir que estava morto. Ficou deitado ali com olhos fechados e sem se mexer durante todo o tempo!
Quando tudo terminou e ele achou seguro, levantou e saiu andando tranquilamente...

terça-feira, 24 de março de 2015

Os filhos das mães

Diz o ditado que mãe é tudo igual. É nada... e tenho provas! Nos últimos dias entrevistei várias pessoas. Precisava encontrar personagens para um vídeo em homenagem às mães. 
Tive o prazer de chegar até uma professora universitária que mora em São Paulo. A mãe ficou em Salvador. Trabalhou com costura a vida toda e com os filhos já criados, aos 50 anos decidiu estudar design de moda. E é ela quem faz as roupas que a filha usa no dia a dia. Eu vi uma blusa, e achei linda! É desta forma que a filha mata a saudade. A ideia do vídeo era o filho ou filha ligar e falar algo que emocionasse a mãe. Quando era jovem, houve uma peça de teatro na escola. E foi a mãe quem costurou todas as roupas do elenco. "Eu acordava a noite e ouvia o barulho da máquina de costura. Minha mãe passou noites em claro para conseguir entregar tudo", me contou. Eu perguntei... será que sua mãe sabe que isso foi tão importante pra você? Se não sabia, agora sabe... A minha personagem disse isso durante a homenagem.
Mais... A mãe que não teve escolha: sem escola boa na cidade onde morava em Minas Gerais teve que mandar os dois filhos para um internato. A dor deve ter sido imensa. Hoje os filhos fazem faculdade em São Paulo e ela sempre que pode vem pra cá. Quando não pode....manda presentes pelo correio e sempre com bilhetinhos carinhosos. 
A mãe do jogador de basquete juntou dinheiro com sacrifício para comprar a bola que o filho, ainda criança, tanto sonhava. Na volta pra casa, bateu o carro. Mas ela estava tão feliz com o presente que nem ligou para o prejuízo. O filho tem mais de 40 anos, mas até hoje não esquece do gesto. E essa mesma mãe fez um grupo no watts app com todos os filhos. E é a primeira a dar bom dia!
Tem mãe que foi atrás de um novo amor depois de ficar viúva e deixou a filha de oito anos com os avós, em Minas Gerais.A filha quis ficar e ela respeitou. Até hoje, a jovem de 22 anos passa todas as férias com a mãe, mas continua morando longe dela, já que fez faculdade em São Paulo. Você tem mágoa, perguntei. "Nenhuma. Minha mãe é mãe do jeito dela. Ela quer ser feliz, e eu entendo."
Em olha esse depoimento.... A mãe que ficou viúva quando a filha tinha 3 anos de idade. A minha personagem, hoje com 40 anos, lembra de acordar de madrugada quando criança e ver a mãe na cozinha fazendo as contas. O orçamento era apertado. E com os olhos marejados minha personagem me disse: "Muitas vezes só tinha carne para uma de nós e era sempre pra mim. Ela sempre abriu mão do que havia de melhor pra me proporcionar isso,"
E assim seguiu a pesquisa, uma história mais forte e linda que a outra. Ou melhor, todas foram especiais, cada uma do seu jeito, assim como as mães.