Ela me disse a frase depois que pedi pra dar entrevista. Não insisti. Ela tem toda razão. Os bandidos fugiram, ela não sabe quem são e se vão voltar...É o coração da mãe que queria sossego. Ela poderia me dar entrevista, falar sobre a falta de segurança, mas depois ficaria noites sem dormir preocupada com o filho.
Outros pais e um jovem aceitaram dar entrevista, fiz sem mostrar o rosto, claro. Eu peço, mas se a pessoa tem receio é preciso respeitar. Porque a reportagem vai embora e a rotina das pessoas continua.
Para evitar "apuros" toda vez que gravo com alguém que pede para não aparecer, já peço para o entrevistado ficar de costas. Não arrisco. A consequência para a vida da pessoa pode ser grave. Já gravei muitas mulheres vítimas de violência doméstica. Elas ficam escondidas em abrigos que apenas a assistente social sabe o endereço. Imagina se um marido violento descobre onde ela está por causa de uma reportagem e vai atrás? Pior... mata.
Com a vida das pessoas não dá pra brincar.
3 comentários:
Parabéns Renata, inteligência, sensibilidade e compreensão é isso que faz um grande jornalista. Vc é 10. E é bom que poste suas experiências, a turma que está começando agora precisa de exemplos assim. Melhor perder o personagem do que arriscar uma vida.
obrigada!
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