quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Mais respeito, por favor!

Fazia tempo que queria voltar a escrever no blog... mas o tempo vai passando, passando. Mas resolvi escrever hoje depois que uma querida colega jornalista me contou que dois homens denunciados por ela em uma reportagem sobre fraudes estavam se comportando. Em depoimento à polícia, eles tentaram desqualificar o trabalho dela, alegando que ela era bonita e por isso a ajudaram. Enfim, isso me fez lembrar uma cobertura que fiz há uns cinco anos de uma competição de estudantes do ensino técnico.
Eram duas equipes. Eu como repórter em uma equipe. E um rapaz na outra. Nosso trabalho era fazer reportagens de um minuto. A competição tinha várias modalidades. Cada uma funcionava num espaço delimitado. Só professores, juízes, orientadores e competidores podiam ficar ali. Para entrevistá-los era preciso chamar o coordenador e combinar o horário exato para entrevista. E para falar com os competidores, somente nos intervalos, de café ou ida ao banheiro. Quando chegava no local, chamava o coordenador, explicava o meu trabalho. Todos me deram entrevista. Foram 24 reportagens de um minuto em quatro ou cinco dias de competição.
Em um desses dias, voltamos para a nossa base ali na competição, e o outro repórter disse... "Tá difícil falar com os competidores. Ninguém quer dar entrevista". Respondi: "eu tenho conseguido. Em todas as modalidades consegui alguém pra falar".
Pra minha surpresa e decepção, claro, o dono da produtora vira e fala. "É mulher, né. Os caras falam". Não acreditei no que ouvi e isso martela até hoje na minha cabeça. O meu talento e a minha forma correta de abordar os entrevistados não contam? Que absurdo.

Nenhum comentário: